A CGTP foi ontem a Belém apresentar ao Presidente da República as suas propostas alternativas para melhorar a economia do país e explicar os motivos do descontentamento dos portugueses que a levaram a convocar uma manifestação nacional para sábado.
“Apresentámos ao Presidente da República as nossas propostas alternativas às medidas de austeridade do Governo e ficou claro que elas são credíveis e possíveis de executar”, disse aos jornalistas o secretário geral da Intersindical, Arménio Carlos, no final de um encontro com Cavaco Silva.
A CGTP propôs há cerca de uma semana a criação de um imposto adicional de 10 por cento sobre os dividendos, que resultaria numa receita de 1.665 milhões de euros, entre outras medidas.
Segundo o sindicalista, o Presidente foi sensível às propostas da central sindical.
Arménio Carlos disse ainda aos jornalistas que os dados económicos hoje divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística confirmam que “austeridade em cima de austeridade só traz sofrimento ao país”.
O líder da Inter salientou o “enormíssimo descontentamento” que existe em Portugal, que se traduziu na manifestação de dia 15 e na manifestação que a central sindical convocou para sábado.
“A CGTP não vai ficar de braços cruzados e vai dar resposta às medidas que o Governo impuser porque considera que este memorando e esta política estão a mais”, disse.
Arménio Carlos considerou ainda que “ao contrário do que alguns querem fazer crer, o problema do país não é uma crise política, porque essa existe e está instalada” e defendeu que “o que interessa é a crise económica”.
O Instituto Nacional de Estatística (INE) confirmou hoje as expectativas de derrapagem do défice orçamental, que atingiu os 6,8 por cento no primeiro semestre deste ano em contabilidade nacional, a que conta para Bruxelas.
A derrapagem nas contas era antecipada, tanto que no final da quinta avaliação do Programa de Assistência Económica e Financeira a ‘troika’ (Fundo Monetário Internacional, Comissão Europeia e Banco Central Europeu) relaxou as metas do défice para este ano – de 4,5 para 5 por cento do PIB –, do próximo ano e de 2014, dando assim mais um ano a Portugal para reduzir o défice orçamental para menos de 3 por cento, o estipulado no tratado de Maastricht.
No destaque das Contas Nacionais Trimestrais por Setor Institucional, o INE explica que o défice chegou aos 5.597 milhões de euros nos primeiros seis meses do ano e que “embora se tenha verificado uma redução significativa da despesa corrente, o saldo corrente não evidenciou melhoria em consequência da evolução negativa da receita corrente”.
O Instituto Nacional de Estatística diz que, no que diz respeito à recente corrente em termos homólogos, as variações mais significativas “verificaram-se ao nível dos impostos sobre a produção e a importação e das contribuições sociais”.
Nos primeiros seis meses de 2011 o défice orçamental em contabilidade nacional atingia os 8,2 por cento do PIB.
FONTE: DN