A presidente da Comissão da Carteira e Ética dos jornalistas defendeu ontem, em Luanda, a inserção da disciplina de Ética e Deontologia no currículo de formação dos profissionais da classe.
Luísa Rogério, que falava à imprensa, no final do seminário sobre o “Combate à corrupção e o papel do jornalista em obediência à ética”, considerou fundamentais a ética e a deontologia para o exercício do jornalismo.
Justificou a afirmação com o facto de o jornalismo ser uma profissão sensível, que mexe com interesses públicos, direitos, valores e a própria sociedade. Por isso, “temos o dever e o direito de sermos bem informados e formados no que refere aos preceitos éticos e deontológicos”, defendeu.
A jornalista Luísa Rogério considerou, ainda, ser importante a ética, pois tem a ver com princípios que norteiam o ser e o estar na sociedade e os valores morais, enquanto a deontologia é um conjunto de regras.
“Quando se abraça uma profissão, as pessoas devem saber que, seja qual for, obedece a regras definidas pelos próprios profissionais, leis do ponto de vista do ensino que seriam universais, mas que devem ser adequadas à nossa realidade”, disse.
Se os jornalistas não estivermos bem preparados, considerou, dificilmente vão replicar ou passar a informação com o grau de exigência do público, porque o serviço jornalístico é público.
Violação do contraditório
A presidente da Comissão da Carteira e Ética dos jornalistas reconheceu que alguns profissionais, no exercício da actividade, beliscam o principio do contraditório.
Luísa Rogério lembrou que é essencial que se faça sempre o contraditório, com vista a obter-se as diferentes percepções de um determinado facto.
“O jornalismo é assente em factos, daí que, necessariamente, tudo deve ser baseado em factos”.
Ao referir-se aos profissionais que negligenciam este principio, Luísa Rogério disse acreditar que esta prática tenha a ver com a falta de formação, más praticas ou má fé.
“Todos sabemos que, quando ouvimos as partes envolvidas, estamos, também, a salvaguardar a nossa profissão”, lembrou.
O secretário de Estado para a Comunicação Social, Nuno Caldas, que procedeu à abertura do evento, considerou que o combate à corrupção não é uma tarefa exclusiva do Executivo. Por este facto, disse, a participação dos jornalistas nesta luta afigura-se necessária e crucial.
“Os profissões desta classe são chamados a desempenhar o papel que a sociedade espera, informando com verdade, isenção, rigor e objectividade, formando com consciência, responsabilidade e sentido patriótico”, disse.
Nuno Caldas reafirmou o combate à corrupção como um desafio do Executivo, rumo à eliminação deste mal e da impunidade, afim de devolver a confiança dos cidadãos, das instituições do Estado e a melhoria do ambiente político, económico e social.
“É do conhecimento de todos o quão importante e estratégico é o combate à corrupção e à impunidade, desafio este que constitui condição imprescindível para solidificação das várias organizações e desenvolvimento do nosso país”, sublinhou.
Para o efeito, disse, devem os jornalistas e os fazedores de opinião estarem dotados de conhecimento, actuar e exercer o seu direitos, princípios éticos e deontológicos.
Para Nuno Caldas a ética e a deontologia profissionais são matérias cruciais que devem constar dos programas de formação e aperfeiçoamento dos quadros para o beneficio do exercício da actividade jornalística.
Segundo o secretário de Estado, o seminário insere-se no âmbito da política de formação do subsector da Comunicação Social, implementado pelo Ministério das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social.