Lubango, capital da província da Huíla, regista, desde o alcance da paz em 2002, um desenvolvimento socioeconómico promissor que transforma a imagem da cidade e proporciona condições favoráveis a uma vida digna à população e capaz de atrair investimentos.
Ao comemorar o 88º aniversário da sua elevação à categoria de cidade, por proclamação do governador Norton de Matos, no dia 31 de Maio de 1923, a cidade está engalanada para receber as delegações dos países da África Austral que vão participar no Fórum Parlamentar da SADC, que decorre de 5 a 12 de Junho.
Entre as estruturas criadas para receber as delegações, o destaque vai para a construção de uma sala de conferências nos arredores do Hotel Serra da Chela, com capacidade para mil pessoas e apetrechada com sistema de som e telecomunicações.
A avenida que liga o Aeroporto Internacional da Mukanka ao complexo turístico de Nossa Senhora do Monte, com mais de dez quilómetros, tem candeeiros de iluminação pública. Altina Ananaz, habitante do bairro Comandante Cow Boy, reconheceu o empenho das autoridades na melhoria da imagem da cidade.
O Lubango, disse, está com excelente aspecto devido à recuperação de infra-estruturas públicas, levadas a cabo pelo Governo Provincial da Huíla com a colaboração das Forças Armadas e associações juvenis na limpeza e embelezamento.
Altina Ananaz integra um grupo de jovens que participam nas campanhas de embelezamento da cidade e exortou a todos os munícipes a darem o seu contributo: “os habitantes do Lubango devem ter mais amor à cidade. É preciso ensinar as crianças, jovens e adultos a depositar o lixo nos sítios próprios e não deitarem objectos para o chão”.
História da cidade
As primeiras expedições à Serra da Chela datam dos primeiros anos do século XVII, com as notícias das condições excepcionais das terras e do clima da Huíla a inspirarem o governador Francisco Inocêncio de Sousa Coutinho a projectar os primeiros planos de ocupação do Sul de Angola.
A 19 de Janeiro de 1885, chegaram os primeiros colonos madeirenses ao planalto da Huíla. Eram ao todo, 222 pessoas, entre homens, mulheres e crianças. A antiga Sá da Bandeira começa a nascer na zona dos “Barracões”, designação atribuída aos primeiros casebres.
A região foi escolhida dentro da política de colonização para instalar uma colónia agrícola, embora já existissem outras na Serra da Chela, a chamada comuna da Huíla, a mais antiga (1769), conhecida na altura por Alba Nova e também o colonato da Humpata (1882).
A área foi classificada como propícia ao povoamento europeu, pela amenidade do clima e pela abundância de água dos rios Mucúfi, a sul, Lubango, a oeste e Mapunda, a nordeste, todos afluentes do Caculuvar.
A construção dos barracões apenas serviu para instalação temporária dos que iam edificar o Lubango, num sítio chamado Cacongo a três quilómetros de distância, hoje centro da cidade do Lubango (área da Sé Catedral).
Situadas na margem direita do Caculuvar, as instalações provisórias eram dois barracões de pau a pique e cobertos de capim, um destinado aos homens e outro às mulheres. Só mais tarde se iniciaram os trabalhos para o estabelecimento da colónia. Com o esforço colectivo foi aberta de imediato, uma levada de três quilómetros de extensão para irrigação dos terrenos que iam ser distribuídos aos colonos e para a rega dos quintais da povoação. De seguida, foram construídas as casas dos colonos, igualmente de pau a pique e barro e cobertas de capim. Os colonos começaram a cultivar as terras que lhes foram distribuídas.
Sá da Bandeira foi o nome dado à cidade. O topónimo Lubango (olu-vango) foi sempre usado e passou a ser o nome do concelho (1889). De acordo com o etnógrafo, Carlos Estermann, o maior investigador do Sul de Angola e padre católico, o termo significa decisão e vem da raiz “vang” (decidir).
A população do Lubango cresceu rapidamente, abrigando brancos, negros e mestiços. No ano de 1900, existiam 1.248 brancos, 298 negros e 25 mestiços; em 1910, os brancos eram 1.696, os negros 310 e os mestiço 85.
Fonte: Jornal de Angola