O pior inimigo de João Lourenço não podia ter desejado uma recta final de mandato mais difícil do que aquela que 2020 e 2021 lhe proporcionam.
Apesar dos seus esforços para melhorar a imagem do país, os investidores não vieram e a economia não deixou de se afundar. Depois veio a crise do Covid-19, a queda económica precipitou-se e é pouco provável que a situação melhore antes de 2022.
A sua colecção de inimigos já era vasta, começando por todo o clã dos Santos, e sobretudo Isabel dos Santos.
Temos agora a anunciada apreensão de contas de Irene Neto, mulher de Carlos São Vicente. É um “beliscão” na fortuna da família – e é preciso estar atento, em primeiro lugar, a que aquilo que é anunciado através dos media de facto é concretizado.
Em Angola, o que parece geralmente não é, e deve admitir-se que Lourenço tenha tido o cuidado de não hostilizar a família do “herói” do MPLA e primeiro presidente. Mas devemos admitir que o clã Neto caiu em desgraça. E que Lourenço deixou que assim fosse, pois decisões desta magnitude têm de passar pelo topo da “pirâmide” do poder.
Da semana passada, ficam também aos extraordinários ataques à administração central feitos por Rui Falcão, governador de Benguela, perante o ministro Marcy Lopes (Notícia VOA).
E atente-se, finalmente, ao azedume entre Lourenço e o presidente da Assembleia Nacional, Fernando Piedade Dias dos Santos (Nandó), no último Conselho da República, que pesquisamos e analisamos na última edição do AM (link para o site abaixo).
Os sinais de tensão entre a presidência, as famílias de poder e o partido são cada vez mais fortes. E a escolha do candidato do MPLA às eleições de 2022 está já aí ao virar da esquina…