A secretária de Estado das Relações Exteriores para a Cooperação, Exalgina Gambôa, defendeu ontem em Luanda que, apesar da dispersão geográfica, a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) deve aproveitar as vantagens da língua comum para se afirmar como organização internacional.
Exalgina Gambôa, que falava na cerimónia de abertura da sétima Reunião dos Ministros da Educação da CPLP, afirmou que a ideia da integração dos Estados-membros em diferentes espaços regionais é um inquestionável factor de expansão.
“Esta reunião é uma oportunidade de tornar a língua portuguesa tão representativa quanto o número de Estados que compõem a comunidade e tão sistematizada quanto os princípios de uma ciência, para a garantia da estabilidade do seu ensino”, disse.
Sobre a aplicação do Acordo Ortográfico, a secretária de Estado da Cooperação disse ser necessário elaborar vocabulários ortográficos convencionais. “Uma educação para o desenvolvimento é voltada para o futuro e deverá provocar mudanças qualitativas em cada um dos nossos países”, defendeu.
Exalgina Gambôa disse esperar que a reunião de Luanda produza conclusões que possam fortalecer a discussão em torno do Acordo Ortográfico e que se utilizem os mecanismos já existentes, como o Secretariado Técnico Permanente e o Conselho Científico do Instituto Internacional de Língua Portuguesa, e que se auscultem as academias, as universidades e a sociedade civil de todos os Estados-membros.
“A CPLP, nestes 15 anos de existência, conseguiu projectar-se de simples comunidade assente na partilha linguística para um importante fórum de concertação política e de cooperação multiforme”, realçou.
Exalgina Gambôa espera que o encontro contribua ainda para uma maior cooperação dos Estados-membros, promoção e difusão da língua portuguesa, como património de todos os que a falam e uma maior visibilidade e credibilidade junto dos cidadãos da comunidade.
O encontro vai avaliar a aplicação do Acordo Ortográfico e da elaboração dos vocabulários nacionais e vocabulário ortográfico comum. Está previsto um debate sobre as estratégias para o desenvolvimento da geminação escolar.
Sintonia entre os peritos
Por sua vez, o ministro da Educação disse haver sintonia entre os peritos que trabalharam na questão do Acordo Ortográfico da língua portuguesa, antes do início da reunião. Pinda Simão prestou esta informação à imprensa, durante a abertura da sétima reunião de Ministros da Educação da CPLP, que decorre sob o lema “Solidariedade na diversidade”.
“Continuamos a consolidar as pontes existentes entre os países da CPLP e a agenda contém matérias importantes para a vida do sistema educativo desses Estados, porquanto a língua constitui um meio de comunicação e, ao mesmo tempo, meio de ensino. Daí a necessidade de os países se reverem neste instrumento que é o Acordo Ortográfico”, esclareceu.
Segundo o ministro, a debate que houve entre os peritos dá indicações de que há uma sintonia, porque se reconhece a validade do acordo, mas ao mesmo tempo é consensual que há necessidade de fazer inovações, para que possa ser utilizado sem dificuldade.
Pinda Simão acrescentou que o sucesso do acordo prende-se com a formação de professores. Neste contexto, os peritos partilharam experiências em termos de sistema de formação de docentes nos diferentes países da CPLP, pelo que se considera essa formação fundamental e sensível para a qualidade do ensino.
“Tudo indica que o que terá sido discutido pelos peritos será validado pelos ministros e vai fortalecer o sistema de formação de professores na CPLP, aproveitando as experiências de todos, para que as que deram resultados positivos possam beneficiar a comunidade e consolidar o sistema”, frisou.
A avaliação, disse, é positiva, apesar de alguns Estados terem o processo mais avançado que os outros. “Está em curso um processo de elaboração do vocabulário ortográfico da comunidade e Angola e outros países de África estão a trabalhar para o vocabulário ortográfico nacional que vai alimentar o da CPLP”, informou.