A Liga Árabe decidiu suspender imediatamente a sua missão de observação na Síria devido ao “recrudescimento da violência”, anunciou oficialmente neste sábado o secretário-geral da organização, Nabil el-Arabi. Desde terça-feira, mais de 200 pessoas foram mortas.
O comunicado afirma que o governo sírio optou pela escalada de violência nestes últimos dias, aumentando o número de vítimas civis inocentes, e que a decisão de enviar de volta para casa os observadores foi tomada após consulta aos ministros árabes das Relações Internacionais.
O chefe da missão de observação da Liga Árabe na Síria havia declarado na sexta-feira que a violência havia aumentado muito depois de terça-feira, particularmente em Homs, Hama e Idleb, no norte e no noroeste do país.
“A situação atual, em termos de violência, não permite que todas as partes se sentem à mesa de negociações, principal objetivo do plano árabe de resolução da crise”, diz o comunicado.
Reunidos em Istambul neste sábado, representantes dos países árabes do Golfo e da Turquia publicaram uma declaração conjunta pedindo à Síria para “honrar seus compromissos e suas obrigações no contexto da iniciativa de paz da Liga Árabe”.
Oposição exige proteção das Nações Unidas
O Conselho Nacional Sírio (CNS), liderado por opositores ao governo, informou que neste domingo vai enviar um representante para pedir pessoalmente proteção para o povo sírio ao Conselho de Segurança da ONU. O CNS acusou ainda o Irão de participar da repressão na Síria e exigiu que Teerão pare de apoiar o regime de Damasco.
Desde terça-feira, pelo menos 210 pessoas morreram, dos quais 142 civis, em razão do conflito entre manifestantes e forças de ordem do regime do presidente Bachar Al-Assad.
Os 165 observadores da Liga Árabe haviam sido mobilizados, no dia 26 dezembro, com o consentimento de Damasco, para que acompanhassem a aplicação de um plano de resolução da crise prevendo o fim da violência, a libertação dos detidos, a retirada de veículos blindados das cidades e a livre circulação da imprensa estrangeira antes da abertura de negociações.
As revoltas no país estouraram em março do ano passado, quando milhares de manifestantes foram às ruas em protesto contra o governo, que respondeu com forte repressão. Organizações de direitos humanos estimam que mais de cinco mil pessoas morreram nos conflitos.
Fonte: RFI
Foto: Reuters/Suhaib Salem