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    Líder do grupo Wagner desafia narrativa do Kremlin sobre “nazismo” na Ucrânia

    O líder do grupo paramilitar Wagner contrariou abertamente os principais aspetos da narrativa do Kremlin sobre a guerra na Ucrânia, de acordo com o Instituto para o Estudo da Guerra (ISW no acrónimo em inglês), com sede nos EUA.

    Yevgeny Prigozhin negou as alegações de que a Rússia está a lutar contra a NATO e questionou se realmente há nazis na Ucrânia.

    O Kremlin alegou repetidas vezes que a invasão do país vizinho é necessária para expurgar Kiev dos neonazis, que ameaçam a paz e a segurança da Rússia, apesar de haver poucas evidências disso.

    Paralelamente, tem apresentado cada vez mais a guerra como uma luta existencial contra a NATO, que Moscovo diz estar a intrometer-se nas fronteiras da Rússia.

    Prigozhin disse que a Rússia está a lutar “exclusivamente com os ucranianos” equipados com material fornecido pela NATO e alguns mercenários “russofóbicos” que apoiam voluntariamente a Ucrânia – mas não com a própria NATO, disse o ISW na quinta-feira.

    Manifestou dúvidas sobre os objetivos de “desnazificação” na Ucrânia, à falta de certezas da presença de “nazis” no país, “rejeitando efetivamente” as reivindicações de longa data do Kremlin de que a Rússia precisa de se defender contra uma ameaça da NATO.

    “É ridículo pensar” que as autoridades russas não sabiam que a NATO viria em auxílio de Kiev, referiu Prigozhin de acordo com o ISW.

    Outrora um aliado próximo do presidente russo, Vladimir Putin, a unidade paramilitar que inclui ex-presidiários nas suas fileiras tornou-se cada vez mais visível no campo de batalha na Ucrânia, com Prigozhin a parecer desafiar o exército russo em várias ocasiões.

    Meios de comunicação social russos independentes especularam até que ponto é que Prigozhin pode ter ambições políticas em mente.

    As tropas do grupo Wagner estão envolvidas numa luta dura e feroz por Bakhmut, no leste da Ucrânia. Acredita-se que o grupo esgotou as fileiras, recentemente preenchidas com até 40 mil prisioneiros.

    Na avaliação de quinta-feira, o Instituto para o Estudo da Guerra disse que Prigozhin “suavizou a retórica em relação ao Ministério da Defesa (MoD) russo, provavelmente por medo de perder completamente a força mercenária em Bakhmut.”

    Manifestou preocupações sobre uma possível contraofensiva ucraniana, alegando que 200 mil reservas se estavam a concentrar na frente oriental.

    O ISW disse que as “declarações exageradas … [foram] provavelmente uma tentativa de garantir mais abastecimentos e reforços do Ministério da Defesa russo para salvar as forças do grupo Wagner em Bakhmut.”

    Desde que começou, no verão passado, a batalha pela antiga cidade de mineração de sal, registaram-se entre 20 e 30 mil soldados russos mortos ou feridos, dizem autoridades ocidentais.

    A natureza sísmica da batalha é desproporcional em relação ao significado estratégico de Bakhmut, acrescentam.

    No entanto, a luta tornou-se profundamente simbólica, com a Rússia ansiosa por vitórias claras no campo de batalha após uma série de contratempos e a Ucrânia a querer provar a coragem à comunidade de apoio ocidental.

    Num aceno implícito às divisões dentro do Kremlin, Prigozhin também pediu aos militares e aos meios de comunicação russos para pararem de subestimar as forças ucranianas e de se envolver em conflitos internos.

    O assassinato de nove trabalhadores chineses de minas de ouro na República Centro-Africana no último domingo foi relacionado com o grupo Wagner, e o fato de ter coincidido com uma reunião há muito esperada entre o presidente Vladimir Putin e o homólogo chinês Xi Jinping azedou ainda mais o relacionamento entre o grupo e Moscovo.

    O Ministério da Defesa russo tem tentado diminuir e reduzir o papel das forças do grupo Wagner na Ucrânia, com a Bloomberg a revelar que não permitirá que o líder mercenário obtenha o crédito por Bakhmut na televisão.

    Desde que começaram os combates, fugiu de Bakhmut cerca de 90% da população pré-invasão.

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