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    Líbia: Uma década de caos desde a queda de Kadhafi

    A Líbia mergulhou numa década de violência desde a queda de Muammar Kadhafi em 2011, um caos marcado nos últimos anos pela existência de facções rivais que dividem o país em leste e oeste, agravado pela interferência estrangeira.

    O país encontra-se em plena contagem decrescente para a realização na próxima sexta-feira de eleições presidenciais, processo que continua envolto em incertezas.

    Alguns dos principais acontecimentos desde a morte do antigo líder líbio e que marcam a última década da Líbia:

    Da esquerda para a direita: O presidente iemenita Ali Abdullah Saleh, o emir do Qatar Sheikh Hamad bin Khalifa al-Thani e o líder líbio Moamer Kadhafi, são escoltados por guardas femininas quando chegam para participar de uma mini-cimeira de cinco estados árabes (Líbia, Egipto , Iêmen, Iraque, Qatar) para discutir uma proposta de formação de uma “União Árabe” fora da Liga Árabe, em 28 de Junho de 2010, em Trípoli.
    (AFP PHOTO / STR)

    A morte de Muammar Kadhafi

    Em Fevereiro de 2011, na esteira da Primavera Árabe, começa em Bengazi (leste) um protesto violentamente reprimido, que viria a espalhar-se, depois, a todo o país.

    Em Março, uma coligação liderada pelos Estados Unidos, França e Reino Unido lança uma ofensiva militar após as Nações Unidas a terem autorizado.

    A 20 de Outubro, Kadhafi é morto num ataque dos rebeldes na sua região natal, Sirte.

    Três dias depois, o Conselho Nacional de Transição (CNT), órgão político da rebelião, proclama a “libertação” do país.

    Saif al-Islam entregou os documentos para concorrer à presidência da Líbia
    (DR)

    As primeiras eleições livres

    A 07 de Julho de 2012, os líbios elegem a primeira Assembleia Nacional, votação pontuada por actos de sabotagem e violência no Leste.

    Um mês depois, a CNT transfere as suas atribuições para o Congresso Nacional Geral (CNG, Parlamento).

    Revolução derrubou a ditadura de Kadhafi, que ficou 42 anos no governo
    (DR)

    Ataques a missões diplomáticas

    Após ataques ao consulado norte-americano em Bengazi, que matou o embaixador, em Setembro de 2012, e à embaixada francesa em Tripoli, em Abril de 2013, a maioria das missões diplomáticas estrangeiras encerraram as suas actividades.

    Trabalhadores estrangeiros e representações diplomáticas são alvo de ataques e sequestros por parte de milícias armadas ou de grupos ‘jihadistas’.

    Forças ligadas ao governo de Tripoli em Abril de 2019 na capital libia.
    (© REUTERS / Hani Amara)

    O surgimento de autoridades rivais

    Em Junho de 2014, após novas eleições, o Congresso Nacional Geral, dominado por islâmicos e cada vez mais contestado, é substituído por um Parlamento controlado por anti-islâmicos.

    Mas, no final de Agosto, após semanas de combates mortais, uma coligação de milícias, maioritariamente islâmicas, retoma Tripoli, restabelece o CNG e instala um Governo.

    O Governo em vigor até então e o Parlamento recém-eleito exilam-se no leste do país, que acaba com dois executivos e outros tantos parlamentos.

    No final de 2015, representantes da sociedade civil e deputados assinam um acordo patrocinado pela ONU, sendo proclamado um Governo de Unidade Nacional (GUN).

    O chefe do Governo, Fayez al-Sarraj, muda-se para Tripoli em Março de 2016, mas o gabinete paralelo, apoiado pelo “homem forte” do leste, Khalifa Haftar, e o parlamento rejeitam o GUN.

    Líbia: Tréguas conseguidas pela ONU exigem ainda muito trabalho para consolidar – Cessar-fogo conseguido após 14 meses de tentativas para depor Governo de Trípoli.
    (DR)

    As ofensivas de Haftar

    Em Julho de 2017, após mais de três anos de combates, Haftar anuncia a “libertação total” de Bengazi dos ‘jihadistas’,

    Em Junho de 2018, as suas forças tomam Derna, um reduto de islâmicos radicais e a única cidade no Leste que escapou ao seu controlo.

    No início de 2019, tomam Sabha, capital do deserto do Sul, e al-Charara, um enorme campo de petróleo.

    A 04 de Abril do mesmo ano, lança uma ofensiva com o objectivo de tomar Trípoli.

    Em Junho de 2020, as forças do GUN, apoiadas pela Turquia, retomam todo o Ocidente, expulsando as tropas de Haftar, apoiados pela Rússia, Egipto e Emirados Árabes Unidos.

    As toneladas de armamento que a Turquia e os Emirados Árabes Unidos (EAU) estão a transportar ilegalmente para a Líbia, à luz das disposições das Nações Unidas.
    (DR)

    Os avanços políticos, diplomáticos e militares

    A 23 de Outubro de 2020, as partes beligerantes assinam um cessar-fogo sob os auspícios da ONU.

    A 13 de Novembro, 75 delegados líbios reunidos na Tunísia concordam com a realização de “eleições nacionais” em Dezembro de 2021.

    A 05 de Fevereiro de 2021, os delegados líbios nomeiam o engenheiro e empresário Abdel Hamid Dbeibah como primeiro-ministro interino, ao lado de um Conselho Presidencial.

    A 10 de Março, o Governo de transição conquista a confiança do Parlamento e substitui o GUN e o executivo do Leste.

    Combatentes em Tarhuna, a cerca de 65 quilómetros da capital Tripoli.
    (DR)

    As dúvidas quanto à realização das eleições

    Em Setembro de 2021, o parlamento com assento no Leste aprova uma lei que rege as eleições presidenciais, ratificada sem ser sujeita a votação e favorecendo Khalifa Haftar, para irritação das autoridades em Tripoli, e vota uma moção de censura contra o governo de transição, exacerbando as diferenças entre os campos rivais.

    No início de Outubro, o calendário de votações é alterado: a eleição presidencial é marcada para 24 de Dezembro, mas as eleições legislativas, inicialmente previstas para o mesmo dia, são adiadas por um mês.

    A 12 de Novembro, a comunidade internacional clama por eleições “inclusivas” e “confiáveis”, ameaçando com sanções todos aqueles que criarem sobressaltos.

    Mas, no final de Novembro, o ministro do Interior líbio, Khaled Mazen, manifesta dúvidas sobre a realização das eleições presidenciais dentro do prazo, argumentando com o “agravamento das violações” ao acordo.

    Em fins de Novembro, depois de encerrado o prazo de entrega das candidaturas, a Alta Comissão Nacional Eleitora (HNEC) líbia confirma oficialmente a apresentação de 98 candidatos, entre eles duas mulheres, às presidenciais.

    No entanto, segundo a justiça líbia, várias questões legais impedem a validação oficial de alguns candidatos, como Haftar, Seif al-Islam e Debaibah.

    A 01 de Dezembro, o secretário-geral da ONU, António Guterres, defende que as eleições não devem ser “parte do problema”, enquanto o presidente em exercício do Conselho de Segurança afirma que não estão reunidas as condições para eleições democráticas.

    A 11 de Dezembro, a HNEC adia ‘sine die’ a publicação da lista final dos candidatos presidenciais, tornando mais improvável a realização da votação na data prevista.

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