O braço de ferro entre os jornalistas e a Assembleia Nacional (AN) parece ter acabado, depois de o Ministro da Comunicação Social, João Melo, ter garantido, numa mensagem publicada na sua conta oficial no Twitter, que “os jornalistas vão poder sentar-se nas galerias para assistir às sessões abertas. Mas, regra universal, não poderão andar pelo hemiciclo”.
Os jornalistas passarão a poder cobrir as sessões abertas da AN, deixando de estar limitados a uma sala sem acesso ao hemiciclo, afiançou o ministro da Comunicação Social, depois de o Sindicato dos Jornalistas Angolanos (SJA) ter convocado um boicote à cobertura da reunião plenária de 18 de Janeiro, em protesto contra as limitações e condições de trabalho no parlamento.
“As condições de trabalho para os jornalistas no parlamento angolano são dignas e idênticas às de outros parlamentos. Constatei-o ontem in loco “, afirmou ainda João Melo.
A 5 de Janeiro, numa entrevista ao Novo Jornal, Teixeira Cândido, secretário-geral do SJA, falava de censura por parte do Parlamento e apelava ao boicote de todos os órgãos de informação à cobertura da reunião plenária para apreciar e votar, na generalidade, o Orçamento Geral do Estado angolano de 2018.
Teixeira Cândido lembrava, na mesma entrevista, que os jornalistas estavam circunscritos a uma sala com um ecrã de televisão para transmissão da actividade via canal interno, mas sem poderem ter acesso à sala.
“O certo é que os jornalistas estão confinados a um compartimento, a uma sala a partir da qual fazem a cobertura… Quando há uma discussão, ou um projecto de lei, por exemplo, no final da qual os jornalistas não sabem ao certo qual foi o partido que votou a favor, qual que se absteve e qual votou contra”.
Numa das sessões plenárias realizadas em Dezembro, os jornalistas insurgiram-se mesmo contra a presença, na sala, de um agente da Polícia Nacional.
Uma postura que, segundo o líder dos jornalistas angolanos, em declarações à Lusa, contraria o regimento da Assembleia Nacional.
“Não aceitamos a condição a que submetem os profissionais, o regimento interno da Assembleia Nacional diz que as transmissões são públicas, não faz sentido que os jornalistas não estejam presentes no hemiciclo”, justificou. (Novo Jornal Online)