Os presidentes da República Democrática do Congo (RDC), Felix Tshisekedi, e do Ruanda, Paul Kagame, poderão reunir-se “muito em breve” para conversações sobre a situação no leste da RDC, apesar das posições extremadas entre os dois.
Em declarações em Abidjan na quinta-feira, 27, o Presidente angolano afirmou, que “estamos atualmente a negociar, a nível ministerial, com vista a podermos reunir muito em breve os dois chefes de Estado da RDC e do Ruanda, para uma relação directa intercâmbio sobre a necessidade urgente de alcançar uma paz definitiva”.
João Lourenço, que termina hoje uma visita de dois dias à Costa do Marfim, sublinhou que “a única saída é resolver este conflito à volta da mesa de negociações”.
Entretanto, também ontem, a primeira-ministra da RDC, Judith Suminwa Tuluka, descartou qualquer negociação com o Ruanda, e apelou a “ações fortes e sanções específicas” contra Kigali.
“Acredito que o Chefe de Estado foi claro: não vamos negociar com as pessoas que nos atacam”, disse Suminwa Tuluka durante uma visita a Goma.
Tuluka visitou um campo para refugiados deslocados pela violência onde um atentado bombista de 23 de maio atribuído aos rebeldes do M23 matou 35 pessoas.
“Os esforços diplomáticos…devem forçar o agressor a parar”, disse ela, acrescentando que “estamos aqui para procurar todas as formas possíveis para encontrar uma solução para os seus problemas”.
Na terça-feira, Lourenço manifestou a sua “profunda preocupação” com a situação de segurança no Kivu Norte.
O Presidente angolano tem mediado o conflito na região oriental do Kivu do Norte, no leste da RDC, onde os rebeldes M23 apoiados pelo Ruanda lutam contra as forças de Kinshasa desde finais de 2021.
Os rebeldes conquistaram vastas áreas de território ao longo dos últimos anos, cercando quase completamente Goma, a capital provincial do Kivu do Norte.
Em fevereiro, o Governo dos Estados Unidos condenaram o apoio do Ruanda ao grupo M23 apelou aos rebeldes que cessem as hostilidades.
Numa declaração, o Departamento de Estado criticou a deterioração da situação naquela zona “causada pelas ações do grupo armado M23 apoiado pelo Ruanda que é alvo de sanções pelos Estados Unidos e ONU”.
O Departamento de Estado apelou ao governo do Ruanda para retirar imediatamente todas as suas forças do Congo e apelou aos rebeldes para se retirarem das suas atuais posições perto de duas áreas urbanas na província do Kivu Norte.
“É essencial que todos osEstados respeitem a soberania e integridade territorial mutual e responsabilizem os responsáveis por abusos de direitos humanos no leste do Congo”, concluiu a nota do Departamento de Estado.