O primeiro-ministro britânico, David Cameron, acusou ontem o presidente da Síria, Bashar Al-Assad de cometer atrocidades contra o seu próprio povo e de arrastar todo o Médio Oriente para um conflito, em concertação com o Irão.
“A única saída para o pesadelo da Síria é pôr em marcha uma transição política e não desistir da causa da liberdade. O futuro para a Síria é um futuro sem Assad”, disse Cameron no debate anual da Assembleia Geral da ONU, em Nova Iorque.
“Assad está em concertação com aqueles que no Irão estão determinados em arrastar a região para um conflito mais vasto”, adiantou Cameron, que defendeu a necessidade de serem “redobrados” os esforços de democratização iniciados com a Primavera Árabe, em risco de tornar-se num “Inverno Árabe”.
A questão da Síria foi definida pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, como topo da agenda do debate anual da Assembleia Geral, cuja abertura, na terça-feira, aproveitou para apelar ao Conselho de Segurança para que intervenha decisivamente, depois de três tentativas de imposição de sanções ao regime sírio vetadas pela China e Rússia
Na terça-feira, o presidente norte-americano Barack Obama defendeu que o regime de Bashar Al-Assad “tem de chegar ao fim para o que o sofrimento do povo sírio possa parar e uma nova era possa começar”.
Hoje, David Cameron acusou Assad de “inflamar ódios sectários” no país e lembrou os “horrores” infligidos pelo regime sírio contra o seu próprio povo, citando um relatório da ONG Save The Children que relata o uso de escolas como centros de tortura e crianças como alvos de treino.
“O sangue destas crianças é uma nódoa terrível na reputação da ONU. E, em particular, é uma nódoa para aqueles que foram incapazes de se impor a estas atrocidades e, nalguns casos, ajudaram e apoiaram o reino de terror de Assad”, disse Cameron.
O chefe do governo britânico anunciou ainda um reforço da ajuda humanitária britânica à Síria, no valor de 12 milhões de dólares.
Na linha do apoio aos países árabes em transição para a democracia, Cameron anunciou a criação de um grupo de trabalho britânico para trabalhar com o governo egípcio para localizar ativos desviados do país pelo anterior regime, por forma a devolvê-los ao país, a exemplo do que foi feito com a Líbia.
O governante britânico defendeu ainda que “democracia e Islão podem florescer juntos” e que novos governos formados por movimentos islâmicos, como o do Egito, devem ser avaliados pelo bloco ocidental “não pela sua religião, mas por como agem e pelo que fazem”.
“Estamos a assistir a mudanças profundas, e sem dúvida que temos muitas incertezas à nossa frente (…) Mas a Primavera Árabe representa uma oportunidade preciosa para as pessoas concretizarem as suas aspirações de um emprego, uma voz e poder de decisão sobre o seu futuro”, adiantou Cameron.
FONTE. DN