Pequenos grupos dos 92.638 eleitores inscritos para a eleição do Presidente da República de São Tomé e Príncipe começaram a votar ontem, às sete horas locais, oito horas em Angola.
O grosso da população começou a afluir às mesas de voto por volta das 14 horas. O Presidente da República, Fradique de Menezes, depositou o seu votou em Água Grande, por volta das 11 horas. Os outros candidatos votaram em vários outros distritos. Todos cumpriram o seu dever de cidadania só depois das nove horas.
Para estas eleições, a Comissão Eleitoral Nacional (CEN) criou 260 mesas de voto, com 232 nos sete distritos são-tomenses e as restantes 28 no exterior do país – Angola (10), Portugal (nove), Gabão (seis) e Guiné Equatorial (três).
As eleições decorreram de forma pacífica, mas a desorganização não faltou. A começar pelos boletins de voto, onde não foram suprimidos os nomes das quatro candidaturas rejeitadas pelo Tribunal Constitucional.
Segundo Victor Correia, presidente da Comissão Eleitoral Nacional, as possibilidades de serem votados candidatos que não estão na corrida são ínfimas, porque “todos os eleitores estavam informados do erro e que só deveriam votar nos dez candidatos apresentados pelo Tribunal Constitucional”.
Em várias mesas de voto, em Santa Catarina, Capela e Milagrosa, muitos eleitores não quiseram votar porque não há água nem energia nesses bairros. No distrito de Lobata, a polícia foi obrigada a intervir, para acalmar os ânimos de pessoas descontentes com a classe política.
De acordo com a lei eleitoral são-tomense, a CEN tem três horas para dar solução ao “boicote” que se venha a registar. Expirado esse prazo, os postos de voto afectados ficam encerrados, devendo a votação no local acontecer uma semana depois.
Segundo a Rádio Nacional de São Tomé e Príncipe, algumas pessoas tentaram entrar nas filas para darem o “banho” (dinheiro) e influenciarem o voto dos eleitores. A história do “banho” em São Tomé e Príncipe vem desde as eleições em que Fradique de Menezes foi eleito Presidente da República. Durante a campanha, algumas pessoas já não esperavam pelo “banho” nas suas comunidades. Concentravam-se nas sedes de campanha ou nas residências de candidatos para exigirem o “pagamento” antecipado.
Apesar da menor afluência às urnas, na Ilha do Príncipe o processo de votação decorreu também pacificamente, com a polícia de segurança pública a garantir a segurança dos eleitores. Em São Tomé e Príncipe estão equipas de observadores da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), da União Africana e da Comunidade Económica dos Estados da África Central (CEEAC), além de comissões eleitorais homólogas do Burundi, Gabão e Guiné Equatorial. Observadores da CEEAC e da União Africana afirmaram à imprensa, nos locais de voto, que o processo decorreu de forma pacífica.
Fonte: Jornal de Angola