Em tratamento contra um cancro, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, admitiu no domingo ter chorado ao receber do líder cubano Fidel Castro a notícia de que estava com um tumor maligno.
O líder venezuelano disse ter ficado tão abalado com a notícia que pediu para ficar sozinho, durante todo o dia, para “refletir”. No sábado passado, voltou a Cuba para a segunda fase do tratamento com quimioterapia.
“Quando soube, pedi um momento sozinho, fui ao banheiro ver os meus olhos (no espelho) e chorei, chorei pelos meus filhos, chorei como em 12 de Abril (quando sofreu o golpe de Estado)”, disse Hugo Chávez”. “Por quê comigo? perguntava-me.”
Hugo Chávez disse que depois se recompôs, convocou os seus colaboradores para anunciar que teria de se submeter a uma cirurgia, em 20 de Junho, e detalhou os riscos que correria.
No sábado, o Parlamento venezuelano voltou a aprovar, por unanimidade, a autorização para que Hugo Chávez viajasse para Cuba para dar continuidade ao tratamento. Hugo Chávez deve permanecer em Cuba pelo menos cinco dias.
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É provável que ao regressar a Caracas tenha de reduzir o número de aparições públicas, em consequência dos efeitos do tratamento, diferente do que aconteceu nas últimas semanas, depois da primeira sessão de quimioterapia.
Nos primeiros dias após a primeira sessão de quimioterapia, ele marcou presença, quase que diária, em reuniões ministeriais transmitidas pelo canal estatal ou em aparições públicas em actos governamentais. Na primeira aparição após o início do tratamento, na última semana, Hugo Chávez apareceu calvo e disse estar com um “novo look”. Ele relatou, na segunda-feira, ter decidido rapar o cabelo quando sentiu a primeira mecha de cabelo cair. No sábado, pouco antes da sua viagem a Cuba, a queda do cabelo já era bastante visível.
Apesar das dificuldades do tratamento e da dúvida sobre a real gravidade da doença – o governo não informou até agora que tipo de cancro enfrenta – o presidente venezuelano afirma que será candidato à reeleição em 2012 e está “obrigado” a vencer o pleito. “Não perderemos, nós vamos ganhar. Estou absolutamente seguro que passarei com êxito por essa situação e que serei candidato”, afirmou. A oposição, por sua vez, mantém os planos de apresentar uma candidatura única para enfrentar Hugo Chávez nas eleições presidenciais de 2012.
A doença do mandatário venezuelano imprimiu mudança de estilo tanto no governo, como na coligação opositora.
Os seus adversários passaram a defender, em campanhas antecipadas, os programas sociais do governo, antes duramente criticados por este grupo. Hugo Chávez, por sua vez, convocou os aliados a conquistar a classe média, que virou alvo de seus discursos.
O líder venezuelano espera recuperar pelo menos dois milhões de votos perdidos nas eleições presidenciais de 2006.
Fonte: Jornal de Angola