Maria do Céu Jesus diz que é preciso inverter este cenário, que só é possível “devido à inércia na aplicação dos instrumentos legais que punem os actos contra o Ambiente”. Outra preocupação da secção de Pescas e Ambiente prende-se com a falta de meios de transporte e de técnicos para sensibilizarem as comunidades.
“Todos os dias assistimos à degradação do Ambiente pelas actividades humanas, mas não há rigor na punição dos infractores para desencorajar tais práticas”, disse Maria do Céu Jesus: “é muito urgente uma mudança de comportamentos, na perspectiva individual, familiar e comunitária”.
Outra preocupação apontada pela chefe de secção de Pescas e Ambiente prende-se com a ocupação ilegal de espaços para fins de construção de habitações, nos montes circundantes do Sumbe: “os ocupantes ilegais não poupam as plantas e rochas que jogam um importante papel de contenção dos solos”. A responsável do Ambiente da Administração Municipal do Sumbe aconselha as autoridades tradicionais e as populações a porem fim à venda de terrenos para construção que não lhes pertencem e que causam sérios problemas ao Ambiente.
Maria do Céu esclareceu que a cidade do Sumbe e os seus arredores começa a ressentir-se da falta de esgotos nas áreas onde foram erguidos bairros não urbanizados, acrescentando que as más práticas contra o Ambiente estão a provocar erosões, o que representa um perigo para a própria existência da cidade. A chefe da secção de Pescas e Ambiente defende a criação de redes sociais comunitárias que desenvolvam acções de sensibilização das comunidades em torno da defesa do Ambiente, sublinhando que “o impacto de acções pedagógicas é tardio, mas sensibilizar e fazer é mais prático”.
Maria do Céu Jesus critica também a forma desordeira como é depositado o lixo, um processo que não ajuda os serviços encarregados da recolha dos resíduos sólidos: “nós verificamos que, em muitos casos, o depósito de lixo é feito por crianças ou adolescentes, fora dos contentores. Temos de acabar com isso”, alertou.Pediu que o depósito do lixo seja feito pelos adultos nos locais próprios, porque os resíduos domésticos espalhados pelo chão podem causar graves problemas de saúde pública.
Morro do Chingo
A chefe de secção de Pescas e Ambiente do Sumbe manifestou “muita preocupação” com a invasão de casas no morro do Chingo. As pessoas ocupam ilegalmente o morro com habitações.
O morro do Chingo num passado recente estava livre de casas e de problemas ambientais. Hoje é a área do Sumbe mais sujeita à pressão humana e são visíveis por toda a parte construções anárquicas.
O mais preocupante é que as barreiras que protegem a Estrada Nacional número 100 estão a sofrer erosões que podem evoluir para ravinas. Quando isso acontecer a via fica cortada e os prejuízos são incalculáveis.
A inconsciência de alguns e a negligência das autoridades competentes podem causar graves prejuízos a milhões de angolanos que precisam da estrada para viver.
A nossa reportagem constatou que na curva que dá acesso à entrada para o bairro do Chingo, as ravinas começam a surgir.
Se nada for feito de imediato, nas próximas chuvas o pior pode acontecer. Maria do Céu Jesus diz que a devastação de cactos e a exploração ilegal de pedreiras constitui um grande perigo.
Vandalismo nos cemitérios
As construções anárquicas não pouparam os cemitérios e Maria do Céu Jesus defende que a reposição da legalidade passa por acções conjuntas que envolvam as autoridades, sociedade civil e população em geral.
Para inverter o actual quadro, Maria do Céu defende a conjugação de esforços entre as autoridades e as populações, através de diálogo para se definirem acções em que todos saiam a ganhar.
Mas a ocupação abusiva de espaços públicos em prejuízo de todos, não pode ser impedida apenas pelo diálogo. A autoridade do Estado tem de estar presente, sobretudo quando alguns se apropriam ilegalmente daquilo que é de todos. Maria do Céu disse que é preciso agir agora para travar a destruição do ambiente.
Fonte: Jornal de Angola