Gigantes do comércio de petróleo e as empresas petrolíferas nacionais de alguns dos maiores produtores de petróleo do Oriente Médio estão na corrida para comprar os postos de gasolina da Shell na África do Sul, na tentativa de expandir o seu acesso a ativos downstream, de acordo com o Oilprice.
A maior empresa petrolífera e exportadora de petróleo do mundo, a Saudi Aramco, a companhia petrolífera nacional de Abu Dhabi, a ADNOC, a OQ Trading de Omã e a gigante do comércio internacional Trafigura estão interessadas em comprar postos de gasolina da Shell na África do Sul, disseram fontes com conhecimento do assunto à Bloomberg esta semana.
A Shell disse no início deste ano que iria se desfazer das operações de downstream na África do Sul como resultado de uma revisão interna de portfólio.
A Shell detém participação majoritária na Shell Downstream SA (SDSA), que foi formada pelo acordo de fusão entre a Shell South Africa e a Thebe Investment Corporation há uma década.
A Shell vai manter os seus ativos upstream e até mesmo planeia perfurar poços em águas ultraprofundas na costa da África do Sul, buscando expandir as recentes descobertas na Namíbia para a costa oeste da África do Sul.
No entanto, a Shell está a reformular o seu portfólio global de downstream e os ativos sul-africanos estão à venda.
A Trafigura já está presente na África com sua unidade de distribuição de combustível Puma Energy.
A Engen, dona da maior rede de postos de gasolina da África do Sul, foi vendida no ano passado para a Vivo Energy, uma subsidiária da maior negociadora independente de petróleo do mundo, a Vitol Group.
A Trafigura e a Sasol também estavam competindo para comprar a Engen, mas a Vitol venceu a corrida.
Trafigura, Vitol e outros grandes traders independentes estão a comprar refinarias e ativos de rede de detalhe que os maiores produtores internacionais de petróleo e gás estão se desfazendo como parte do realinhamento estratégico do portfólio.
Dessa forma, os comerciantes de commodities ganham acesso direto a uma refinaria para a qual podem enviar parte do petróleo bruto que vendem e se tornam participantes maiores no mercado de opções e futuros de petróleo bruto para proteger a sua exposição ao petróleo bruto físico.
Nos últimos meses, as maiores empresas independentes de comércio de petróleo adquiriram diversas refinarias de grandes petrolíferas do mundo todo em consórcios com outras empresas.
A Glencore também entrou na lista dos maiores comerciantes de petróleo comprando refinarias da Big Oil. Em maio, a Shell chegou a um acordo para vender os seus ativos de refino e produtos químicos em Singapura para a CAPGC Pte. Ltd., uma joint venture entre a Chandra Asri Capital Pte. Ltd. e a Glencore Asian Holdings Pte. Ltd.
A indústria de negociação de commodities atualmente tem os meios para reinvestir estrategicamente em negócios de longo prazo e decisões estratégicas, de acordo com a consultoria Oliver Wyman. Um movimento para reinvestir os lucros no downstream daria aos traders maior opcionalidade e influência sobre as commodities que negociam.
Por sua vez, as empresas estatais de petróleo do Oriente Médio estão a comprar mais ativos downstream no exterior para fornecer petróleo bruto para refinarias ou vender os seus produtos petrolíferos refinados para postos de gasolina.
A Saudi Aramco, por exemplo, continua à procura de oportunidades de aquisição em downstream e GNL, disse um executivo sénior à Reuters numa entrevista . Nos últimos meses, a Aramco fechou vários acordos em refino e petroquímicos na China e GNL nos Estados Unidos e na Austrália.
