A China assinou um acordo na quarta-feira durante o Fórum de Cooperação Africa-China (FOCAC) cm a Zâmbia e a Tanzânia para reabilitar o caminho de ferro TAZARA ( Tanzania Zambia Railway) que liga a Zâmbia, segundo maior produtor de cobre da África, à Tanzânia para exportar o metal através da Tanzânia.
Os chefes de estado das três nações supervisionaram a cerimónia no Fórum de Cooperação Africa-China, dando início à maior modernização do TAZARA desde que Mao Zedong concordou em ajudar a construí-la na década de 1970.
Embora não tenham fornecido detalhes do memorando de entendimento, a China disse em fevereiro que o plano custaria mais de 1 mil milhões de dólares.
A linha liga as minas da Zâmbia ao principal porto da Tanzânia na costa leste da África. Ela pode desempenhar um papel crucial na exportação de cobre para a China, o maior consumidor do metal usado em itens que vão de condicionadores de ar a veículos elétricos.
Assumir a concessão de uma rota estratégica de exportação para minerais críticos da Zâmbia e da vizinha República Democrática do Congo é, em parte, uma resposta da China ao apoio dos EUA a outro projeto ferroviário que segue na direção oposta, para a costa oeste da África, o Corredor do Lobito, em Angola. É a mais recente manobra numa disputa por influência, que está provocando um renascimento ferroviário na região.
O governo chinês agiu rapidamente desde que a Zâmbia solicitou ajuda para reformar a linha. A estatal China Civil Engineering Construction Corp enviou os seus especialistas em dezembro para inspecionar o caminho de ferro. Três meses depois, o embaixador da China na Zâmbia entregou oficialmente a proposta para revitalizar a linha e operá-la comercialmente. Negociações se seguiram, culminando no acordo de quarta-feira.
TAZARA desempenhou um papel simbólico nas relações da China com a África, tendo sido o primeiro grande projeto de infraestrutura que ela construiu no continente. Na época, o governo de Mao tinha pouco financiamento próprio, mas escolheu ajudar a Zâmbia com o novo caminho de ferro de 1.860 quilómetros.
A Zâmbia sem litoral estava encalhada na época, depois que o governo da então Rodésia declarou independência da Grã-Bretanha e fechou a sua fronteira, bloqueando a principal rota de exportação da Zâmbia via África do Sul. O presidente Kenneth Kaunda abordou vários financiadores para o projeto ferroviário, incluindo o Banco Mundial, mas apenas a China ajudou.
Essa assistência crucial colocou a China numa boa posição para agora assumir as operações comerciais na linha, que caíram em desuso. A maior parte da carga que entra e sai da Zâmbia e do Congo vai por estrada, com viagens que levam até um mês até o porto de Durban, na África do Sul.