O escândalo das próteses mamárias PIP cresce na França. A imprensa teve acesso aos depoimentos do empresário Jean-Claude Mas à polícia. Ele diz não se arrepender de ter usado gel impróprio para a saúde nos implantes de silicone e afirma ter feito isso propositalmente para a empresa ganhar mais dinheiro.
Segundo Jean-CLaude Mas desde 1993, ou seja dois anos somente após a criação da sua empresa, ele deu ordens a seus funcionários para enganarem o órgão alemão responsável pela certificação das próteses. Na França, o esquema fraudulento começou em 2001. A PIP declarava usar o gel de silicone da marca americana Nusil mas, na verdade, usavam nas próteses 75% de um gel de fabricação caseira e fórmula não autorizada para uso médico. Mas reconheceu a fraude, porém afirmou que o gel produzido por ele “não representava nenhum risco à saúde” além de ser mais barato.
O gel produzido pela PIP custava 5 euros por litro contra 35 euros do gel americano autorizado para uso em próteses mamárias. Com a troca, a PIP obtinha um lucro adicional de 1 milhão de euros. Para economizar ainda mais, a empresa também passou a usar um invólucro das próteses de qualidade inferior. No final dos anos 2000, esquema fraudulento começou a ruir com uma ruptura excessiva das próteses e aumento das reclamações de pacientes e médicos.
Mesmo diante das evidências e da aparição de casos de câncer em usuárias das próteses, Jean-CLaude Mas mantém o cinismo. Em seu depoimento, ele declarou que as usuárias das próteses que se dizem vítimas “são pessoas frágeis que estão apenas interessadas no dinheiro” das indenizações.
Na Venezuela, 750 mulheres entraram na justiça contra o fabricante PIP e o distribuidor do produto no país. O advogado das venezuelanas, Gilberto Andrea, em entrevista à RFI, declarou que houve “muita ganância” por parte da empresa francesa.
Fonte: RFI
