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    EUA – Negociações sobre o teto da dívida na recta final: Mas questão não é económica, é política

    Já escrevemos muito no Portal de Angola sobre as negociações do teto da dívida nos Estados Unidos. À medida que as negociações entram na reta final, os mercados financeiros começam a entrar em pânico e os analistas questionam se os dois partidos – democratas e republicanos – estão realmente prontos para ir até o fim: o incumprimento da dívida pública pela primeira vez na história dos Estados Unidos.

    Talvez nem o presidente Joe Biden nem o presidente da Câmara, o republicano Kevin McCarthy, estejam prontos para o resultado final. Mas, como sonâmbulos, caminham para o precipício, correndo o risco de arrastar consigo a economia mundial.

    O teto da dívida foi renegociado dezenas de vezes desde que foi criado em 1917 para facilitar o financiamento da Primeira Guerra Mundial. E sempre que há negociações há drama político. Já escrevemos várias vezes que enquanto o dólar for a moeda de referência internacional, os Estados Unidos não têm problemas em financiar a dívida. E não nos parece que os indicadores fiscais indiquem uma situação de insustentabilidade das finanças públicas.

    A renegociação do teto da dívida oferece um momento único para uma disputa política entre a Casa Branca e o Congresso, quando os respectivos líderes pertencem a diferentes partidos políticos. Tanto Joe Biden quanto Kevin McCarthy sabem que o seu futuro político depende em parte do resultado da contenda.

    O controle dos gastos do governo tornou-se um foco central nas negociações para aumentar o teto da dívida, com o presidente da Câmara, Kevin McCarthy, sob pressão dos republicanos conservadores para garantir cortes profundos, enquanto a Casa Branca, sob pressão dos democratas, oferece um congelamento de gastos.

    A briga pelos gastos é apontada como o principal entrave nas negociações para elevar o teto da dívida. O Departamento do Tesouro alertou que o governo federal pode ficar sem dinheiro para pagar todas as suas contas já em 1º de junho, a menos que o Congresso intervenha, potencialmente levando a um calote que abalaria os mercados e afundaria a economia.

    Em janeiro, para ganhar a presidência da Câmara, McCarthy prometeu aos republicanos conservadores que tentaria retornar os gastos aos níveis de 2022. Ao definir os cortes de gastos como uma linha vermelha, McCarthy está a abrir uma brecha política sem precedentes que faria com que futuros Congressos possam desfazer os limites de gastos instituídos por um Congresso anterior.

    Os democratas criticaram os negociadores republicanos por buscarem um aumento nos gastos militares enquanto insistem em cortes de gastos mais amplos. O Partido Republicano também rejeitou uma proposta da Casa Branca para permitir que o Medicare negociasse o preço de uma gama mais ampla de medicamentos, uma medida que o governo lançou como forma de reduzir o déficit.

    Muitos democratas admitem que a posição da Casa Branca é cada vez mais insustentável à medida que um possível calote se aproximava. Eles acusam os republicanos de manter Joe Biden como refém. Alguns democratas progressistas vão mesmo mais longe pressionando Biden a abandonar completamente as negociações sobre o teto da dívida e continuar emitindo dívidas com base numa interpretação ampla da 14ª Emenda à Constituição, que diz que “a validade da dívida pública dos Estados Unidos … não deve ser questionada”.

    Joe Biden sabe que a maioria dos americanos ainda não está convencida de que ele deve concorrer a um segundo mandato devido à sua idade avançada. Dúvidas quanto à sua candidatura à Presidência surgem mesmo dentro do próprio Partido Democrata. Por outro lado, McCarthy está ciente de que tem uma pequena maioria na Câmara e uma revolta dos republicanos conservadores seria um xeque-mate para ele.

    A economia americana e, por ricochete, a economia mundial estão assim reféns de cálculos políticos partidários. Os dois adversários estão fragilizados em relação às pressões vindas das suas próprias hostes. A economia poderá beneficiar de um aumento do teto da dívida, mas seja qual for o desfecho, um dos dois, Biden ou McCarthy, verá a sua carreira política fortemente comprometida. Talvez isso os pressione para encontrar uma saída conjunta.

    Por: José Correia Nunes
    Director Executivo Portal de Angola

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