
Os dois candidatos a representar o Partido Socialista francês nas eleições presidenciais de 2012 mantiveram um diálogo respeitoso mas firme durante cerca de duas horas na noite desta quarta-feira. No último encontro antes do segundo turno das prévias, neste domingo, François Hollande e Martine Aubry discutiram em rede nacional sobre questões econômicas, sociais e internacionais.
Martine Aubry, prefeita de Lille, começou na ofensiva, insistindo no duelo entre uma “esquerda mole” e uma “esquerda forte”, da qual ela se diz representante. Acusado nos últimos dias de fazer parte do primeiro grupo, François Hollande replicou: “Eu não estou na esquerda mole nem na esquerda dura, eu estou na esquerda sólida e sincera.”
Jérôme Sainte-Marie, do instituto de pesquisas de opinião CSA, avalia que Martine Aubry “assumiu uma posição de dominada, de desafiante, e pareceu estar mais em uma lógica de crítica interna que de proposta”.
O debate aconteceu em um contexto desfavorável para Aubry. François Hollande, já favorito, obteve nesta quarta-feira o apoio de Ségolène Royal, que também disputou o primeiro turno das primárias do Partido Socialista. “Eu respeito a posição de Ségolène”, afirmou Martine Aubry. Tanto ela quanto Hollande prometeram à presidente da região Poitou-Charentes “um papel importante” no governo caso vençam.
No primeiro turno das prévias do Partido Socialista, que tiveram a participação de 2,6 milhões de votantes, François Hollande ficou em primeiro lugar com 39,2% dos votos e Martine Aubry em segundo com 30,4%. Além de Ségolène Royal (6,9%), outros dois candidatos do primeiro turno decidiram apoiar Hollande: Manuel Valls (5,6%) e o presidente do Partido Radical de esquerda, Jean Michel Baylet (0,6%).
Arnaud Montebourg, que ficou em terceiro lugar no primeiro turno com 17,2% dos votos, enviou uma carta aos dois finalistas pedindo que se comprometam com algumas ideias defendidas por ele antes de decidir a quem irá declarar seu apoio.
Durante o debate, Hollande e Aubry afirmaram que serão duros com os bancos, como exige Montebourg, e propuseram colocar sob controle público os estabelecimentos recapitalizados. Eles também se disseram a favor de uma regulamentação da globalização, mas rejeitam certas medidas protecionistas defendidas por Montebourg.
Diferenças
Com programas bastante parecidos, os dois candidatos enfatizaram suas diferenças de estilo e de experiência. “Eu fui o número 2 do governo”, atacou a ex-ministra do Trabalho de Lionel Jospin. Seu adversário nunca foi membro de nenhum governo. A prefeita de Lille lançou ainda um apelo às mulheres e aos homens de esquerda sensíveis à igualdade entre os sexos.
Já François Hollande se apresentou como um “homem de tenacidade” que “entrou na política muito jovem” e que “reconstruiu o Partido Socialista” como primeiro secretário após o 21 de abril de 2002, data em que o Partido Socialista foi eliminado das eleições presidenciais daquele ano devido ao sucesso fulgurante da extrema direita. “Eu quero ser o presidente da vitória”, concluiu Hollande.
Fonte: RFI
Fotografia: REUTERS