As eleições presidenciais americanas de Novembro poderão ser as mais controversas de sempre acabando por ser decididas em tribunal.
Este é o receio de muitos analistas americanos que fazem notar que as campanhas do democrata Joe Biden e do Presidente Donald Trump estão já a preparar-se para isso.
A campanha de Biden confirmou estar a preparar uma “equipa especial de litigação” que, segundo o jornal New York Times, tem já a trabalhar dois antigos procuradores gerais e centenas de advogados através do país.
O Partido Republicano tem também já a trabalhar uma equipa de advogados que se estão a concentrar no imediato no plano de vários Estados de permitir o voto pelo correio.
As eleições presidenciais americanas são decididas Estado a Estado e isso significa que as leis eleitorais variam de um para outro.
Devido à pandemia do coronavírus muitos Estados querem facilitar o voto pelo correio e é aqui que jaz o problema.
Há que, contudo, diferenciar entre dois tipos de votação pelo correio ou fora do círculo eleitoral. O voto por eleitores ausentes nunca foi um problema. Pessoas que sabem que no dia das eleições vão estar ausentes têm o direito de votar em dias anteriores num prazo determinado pelos respectivos estados ou círculo eleitoral quer deslocando-se ao local de voto num prazo determinado ou requerendo com antecedência o voto pelo correio.
Mas agora, devido à pandemia do coronavírus, muitos estados querem generalizar o voto pelo correio e aqui há também diferenças. Há estados que estão a enviar cartas aos eleitores perguntando se querem votar pelo correio. Se a resposta for afirmativa as autoridades enviam então um boletim de voto para essa pessoa específica que depois o envia pelo correio.
Controverso contudo é o plano de estados, como Nova Jérsia, de enviar boletins de votos a eleitores mesmo que estes não o tenham pedido, algo que os Democratas dizem ter como objectivo garantir que não haverá votos suprimidos devido à pandemia. Há receios que a enorme quantidade de votos a irem pelos correios serão atrasados causando caos e confusão na contagem de votos.
Jenna Ellis jurista especializada em questões constitucionais e próxima do Partido Republicano disse que isto “significa que o estado envia milhões e milhões de boletins pelos correios que não foram pedidos nem verificados”.
“No caso específico de Nova Jérsia isto significa mesmo que pessoas que já morreram irão receber um boletim e portanto o problema não é se os correios têm capacidade de lidar com o volume de correio, o problema jaz na contagem desse voto”, advertiu.
“O problema é que estes boletins estão a ser enviados e não sabemos quem os vai receber e depois se como no Nevada há um prazo indefinido para se saber até quando um boletim poderá ser contado e não há um meio de verificação então vamos acabar no caos”, acrescentou a jurista que deu como exemplo uma recente eleição primária em Patterson na Nova Jérsia em que cerca de 20% dos votos acabaram por ter que ser anulados.
A situação complica-se ainda mais porque recentes sondagens indicam que apenas 19% do eleitores de Donald Trump planeiam votar pelo correio enquanto 69% dos eleitores que apoiam Joe Biden dizem que vão fazer isso.
O cenário que todos receiam é explicado por Fareed Zacaria, comentarista da cadeia de televisão CNN, que diz que há a possibilidade de “na noite das eleições Donald Trump comandar na maioria dos Estados incluindo nos vitais onde são decididas as eleições, mas nos dias seguintes quando se contar os votos pelo correio os números podem mudar a favor de Joe Biden”.
“Será que Trump aceitará isso? Será que a América aceitará isso?”, interrogou.
É devido a essa pergunta que as duas campanhas estão a preparar as suas equipas de advogados. Poderá ser o Tribunal Supremo a decidir a contenda ou poderá recusar-se a fazê-lo afirmando que compete a cada Estado decidir a questão.
E isso mais confusão trará.
A noite das eleições americanas poderá ser longa. Poderá durar semanas, advertem observadores.