“Podemos dizer que em Angola tem havido progresso no acesso à educação, pois verificamos o esforço realizado e os resultados obtidos na melhoria da qualidade de ensino, bem como nas formações que os professores têm feito”, disse Victor Barbosa, presidente do conselho directivo da Rede da Sociedade Civil de Educação Para Todos (Rede EPT-Angola).
Victor Barbosa disse que a Rede Angolana Educação para Todos defende que a educação é um direito humano para todos os homens e mulheres e que deve haver uma estratégia de combate às desigualdades no país, com a criação de acções concretas para permitir acesso à educação das famílias com menos renda.
“No corrente ano lectivo foram admitidos mais de seis milhões de alunos, mas precisamos de saber quantas pessoas ficam sem estudar”, frisou Victor Barbosa.
Progresso educacional
Victor Barbosa afirmou que a cultura de medir o progresso a nível da educação deve ser mais dinâmica como um direito humano, para que se explore todo o potencial humano, a fim de que o cidadão possa ser útil à sociedade e esgotar todos os recursos pedagógicos para diminuir as taxas de reprovação. “Pois estas têm repercussões no equilíbrio emocional das crianças e na vida económica da família”, disse.
Durante muitos anos, até finais de 2009, a educação era muito abordada como coisa de técnicos e especialistas. Hoje existe progresso nas províncias e no envolvimento do cidadão e das instituições na abordagem da educação. E acrescentou que este aumento tem repercussões mais positivas quando as atenções ficarem concentradas na educação e cuidados da primeira infância.
Com a redução do atendimento à primeira infância, disse Victor Barbosa, passamos a permitir uma injustiça social, onde os filhos dos mais pobres não conseguem entrar para as creches privadas.
“E neste caso, entram para a primeira classe sem terem passado por aquela educação que lhes permite ter alguma destreza e ter sucesso na 1ª e 2ª classe”, disse.
Victor Barbosa destacou que a criação de creches públicas deve ser uma prioridade se quisermos ter mais produtividade e melhorar a educação no nosso país, para termos um nível de aproveitamento escolar que começa da educação pré-escolar e dotar as crianças de ferramentas necessárias para o seu desenvolvimento.
Sérgio Mateus, do núcleo Rede EPT-Angola na Huíla, destacou os grandes feitos do governo em melhorar as infra-estruturas de ensino naquela província.
“Uma das prioridades a nível provincial é a criação de mais salas para colmatar o défice e aumentar o número de crianças no sistema de ensino e criar condições para a recuperação do atraso escolar”.
Uma das preocupações do núcleo da Rede EPT-Angola consiste em criar condições para a entrada das crianças das comunidades agro-pastoris e da minoria étnica Khoisan no sistema de ensino.
“Estamos a trabalhar para que estes grupos étnicos possam ter educação de qualidade e infra-estruturas condignas e um tratamento sem discriminação”, disse.
Júlio Martinho, representante da província de Benguela, garante que um dos objectivos de toda a sociedade é melhorar a protecção e a educação integral na primeira infância, o acesso de todas as crianças ao ensino primário, com destaque para os meios rurais, gratuito e de qualidade.
“Estes objectivos estão a ser incrementados com a ajuda e contribuição da nossa Rede em ampliar as oportunidades de aprendizagem para jovens e adultos”, disse Júlio Martinho.
Ana Sarmento, proveniente da província do Kwanza-Sul, disse que em todo o país são visíveis as melhorias a nível da educação, onde os meios rurais precisam de mais atenção.
Ana Sarmento acrescentou que o nosso país está na era do desenvolvimento e mudanças, e precisa de homens e mulheres com uma visão diferente.
“Mas para isso precisamos de primar pela educação e não ter uma desigualdade de género muito acentuada, onde o número de mulheres sem escolaridade é maior do que o dos homens”, destacou Ana Sarmento.
Jeremias Maia Mateus, da província do Uíge, disse que é grande a preocupação da sociedade em aumentar o grau de escolaridade. “Isto mostra o trabalho de divulgação informativa feita por parte do Executivo em incentivar a população a primar pela educação”, disse Jeremias Maia Mateus. “Nós, como parceiros do governo, estamos a desenvolver o trabalho da luta contra o analfabetismo e pela capacitação da língua portuguesa dos angolanos provenientes da República Democrática do Congo”, disse.
A Rede da Sociedade Civil de Educação Para Todos foi proclamada em 2007 e é um conjunto de 50 organizações da sociedade civil que trabalha na defesa e qualidade da educação para todos.
A associação já desenvolveu várias actividades para imprimir maior dinâmica no sistema educacional do país e conta com representantes em todas as províncias.
Fonte: Jornal de Angola