A iniciativa de entregar novas viaturas aos camionistas que perderam os seus camiões durante a guerra, foi uma aposta importante do Executivo. Jorge Ponoi, um dos beneficiados, disse que os transportes são importantes porque têm implicações directas no desenvolvimento económico.
“Com os camiões entregues muitos colegas viram o seu sonho renovado com o regresso à estrada. É uma nova oportunidade de emprego que permite sustentar as famílias”, disse Jorge Ponoi, camionista de Benguela.
Os transportes distribuídos pelo Executivo têm contribuído para a mobilidade de pessoas e bens dos centros urbanos para as localidades do interior. Os camiões atingem as aldeias mais recônditas devido às suas características técnicas.
As operações realizadas pelos camiões têm assegurado o transporte de pessoas e bens do meio rural para os centros urbanos. “Estamos certos de que é uma forte aposta do Executivo visto que os camiões estão a contribuir para a melhoria da qualidade de vida dos beneficiários, afirmou Jorge Ponoi.
Os camionistas têm um papel decisivo na distribuição de mercadorias. Benguela possui uma extensão territorial de 39.827 quilómetros quadrados e dez municípios: Benguela, Lobito, Catumbela, Balombo, Bocoio, Ganda, Cubal, Caiambambo, Baía Farta e Chongorói.
Benguela é forte na agropecuária, na produção do sisal, algodão, cana-de-açúcar, café, banana, milho e minerais como ¬cobre, fosfatos, grafite, caulino e volfrâmio.
Os camionistas com os seus novos camiões vão ao encontro dos camponeses que têm produtos para serem vendidos em Benguela, Lobito e mesmo em Luanda. “Quando temos notícias da existência de muita produção no campo, aproveitamos para fazer bons negócios onde ganham os camionistas e os camponeses”, referiu Jorge Ponoi.
A vida do camionista
Os camionistas sacrificaram as suas vidas e os seus camiões para levarem mercadorias às províncias do interior que se encontravam mergulhadas na guerra. Muitos sobreviveram mas ficaram sem as viaturas. O Executivo distribui agora as viaturas que foram destruídas.
Devido ao clima de instabilidade que se vivia na época da guerra, aos homens do volante era exigida uma disponibilidade física hercúlea, para transportarem as mercadorias.
Naquela altura, os camiões eram das marcas Scania, Volvo, Tatra, Ifa, Mercedes Benz ou Ford. Fizeram milhares de quilómetros por estradas esburacadas pelos rebentamentos dos obuses e picadas muitas vezes minadas.
Agora, as estradas estão todas reabilitadas outras construídas de raiz, existem veículos modernos que os motoristas antigos não se atrevem a conduzir, devido à tecnologia de ponta. Os camiões pesados são tripulados por jovens, com formação média e têm sabido conservar a mística que a camionagem exige, mostram vontade e força no trabalho.
Olegário Correia começa na camionagem aos 20 anos: “o meu teste foi em 2001, altura em que efectuei a primeira viagem com destino à província do Huambo. Demorámos sete dias de Benguela à capital do Planalto Central. Foi uma viagem cheia de peripécias, a chuva não nos deixava andar”.
Inoperância da associação
O presidente de Mesa da Assembleia Geral da Associação da Profissionais de Camionagem de Benguela, Amândio Veigas, disse à nossa reportagem que a organização está inoperante por falta de acção da actual direcção: “o actual responsável da direcção concorreu apenas para ganhar visibilidade e disto não passou”.
A inoperância vai ser colmatada para evitar a desorganização de um sector tão importante como é a camionagem em Benguela. A maior parte dos membros da associação quer a destituição da direcção ou pelo menos do seu presidente.