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    ‘Destruiremos o Hamas, mas isso levará tempo’, diz Netanyahu

    O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse em um discurso televisionado à nação nesta sexta-feira (13/10) que a contraofensiva em Gaza está “apenas começando”.

    “Hoje, todos sabem que estamos lutando pela pátria e lutando como leões”, disse Netanyahu, segundo o portal Times of Israel.

    “Nunca esqueceremos o ataque do Hamas. Estamos atacando os nossos inimigos com uma força sem precedentes”, continuou Netanyahu.

    “Destruiremos o Hamas e venceremos, mas isso levará tempo”, acrescentou durante seu discurso, que foi televisionado após o início do shabat judaico, que começa às sextas-feiras depois do pôr-do-sol.

    Enquanto isso, autoridades israelenses avisaram aos moradores da Faixa de Gaza que o norte da região deve ser desocupado em 24 horas, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU).

    Isso significa que todos os residentes, incluindo mais de um milhão de moradores da Cidade de Gaza, devem abandonar suas casas e se dirigirem ao sul da Faixa, para sua “segurança e proteção”.

    Após o ultimato, civis palestinos estão fugindo do norte de Gaza de carro, na carroceria de caminhões e a pé rumo ao sul do país. Muitos, no entanto, não têm para onde ir.

    O comunicado foi divulgado ao mesmo tempo em que as forças militares de Israel reúnem um enorme contingente ao redor da Faixa de Gaza, o que cria a expectativa de uma iminente invasão por terra.

    A ONU diz que uma invasão teria uma “devastadora consequência humanitária” e pediu que Israel reconsidere a ordem de evacuação.

    O correspondente da BBC em Jerusalém, Tom Bateman, diz que a ordem de Israel é praticamente impossível de ser cumprida.

    Famílias palestinas deixam suas residências no norte da Faixa de Gaza (Getty Images)

    “São mais de um milhão de pessoas a serem deslocadas em 24 horas, o que equivale a 40 mil a cada hora”, aponta Bateman.

    Em entrevista para a agência de notícias AP, uma porta-voz do Crescente Vermelho, Nebal Farsakh, manifestou preocupação com os feridos que não podem ser removidos.

    “E nossos pacientes? Nós temos gente ferida, idosos, crianças internadas em nossos hospitais.”

    Ela acrescentou que diversos médicos estão se recusando a deixar os hospitais e abandonar seus pacientes.

    Enquanto isso, o grupo militante extremista palestino Hamas mantém pelo menos 150 pessoas como reféns desde os ataques de sábado (07/10) em que foram mortas cerca de 1.300 pessoas, segundo autoridades israelenses.

    Entre os mortos em Israel estão três brasileiros: Karla Stelzer Mendes, de 42 anos; Ranani Nidejelski Glazer, de 23 anos; e Bruna Valeanu, de 24. Todos estavam em um evento que era a versão israelense do festival Universo Paralello, criado no Brasil.

    Casas destruídas após ataque do Hamas ao kibutz Beeri, no sul de Israel (Reuters)

    O chefe do Estado-Maior das Forças de Defesa de Israel, o tenente-general Herzi Haveli, reconheceu nesta quinta-feira (12) que houve “falhas de segurança” durante a invasão de integrantes do Hamas no sábado (07).

    Porém, segundo ele, “ainda não é o momento de investigar o que deu errado”.

    “As forças de defesa são responsáveis pela segurança do país e de seus cidadãos e, na manhã de sábado, na fronteira da Faixa de Gaza, não cuidamos disso. Vamos investigar, vamos aprender, mas agora estamos em guerra”, afirmou ele, segundo o jornal Times of Israel.

    Na Faixa de Gaza, segundo autoridades palestinas, mais de 1.500 pessoas foram mortas em consequência dos sistemáticos bombardeios aéreos com que Israel tem retaliado a ofensiva do Hamas.

    Além dos bombardeios, Israel impôs um cerco total à Faixa de Gaza, mantendo a população sem fornecimento de água, luz, combustível, alimentos e remédios.

    O ministro israelense da Energia, Israel Katz, afirmou que o fornecimento de suprimentos e recursos básicos, como água e eletricidade, só será restabelecido quando o grupo radical Hamas liberar os reféns que foram levados para Gaza durante o ataque de sábado.

    “Nenhuma tomada será ligada, nenhuma torneira terá água, nenhum caminhão tanque vai entrar em Gaza,” disse Katz.

    Palestinos sentam-se entre os escombros de um prédio residencial danificado, após ataques israelenses, na Cidade de Gaza (Reuters)

    A ONU afirmou, por meio do Programa Alimentar Mundial, que a situação na Faixa de Gaza é “terrível” por conta do corte imposto por Israel no fornecimento de comida, água, energia e outros suprimentos.

    “A situação é devastadora (em Gaza)”, disse Samer Abdeljaber, diretor do programa da ONU na Palestina. “Estamos fazendo tudo o que podemos para garantir que as pessoas necessitadas, as que fugiram das suas casas, as que vivem em abrigos, recebam a comida e a ajuda de que necessitam para sobreviver.”

    Em comunicado, a organização afirma “estar profundamente preocupada” com o impacto que o conflito entre Israel e o Hamas pode ter na população civil da região.

    A entidade diz ter começado a distribuir pão fresco e comida enlatada para pelo menos 100 mil pessoas que procuraram ajuda em postos da ONU e de outras agências de assistência na Faixa de Gaza.

    Estima-se que ao menos 300 mil pessoas tiveram que deixar suas casas.

    Tropas de Israel continuam cercando o entorno da Faixa de Gaza, mantendo a população local sob total controle.

    Outro órgão da ONU, o Fundo de População das Nações Unidas, também afirmou que a situação é “desesperadora” para 50 mil mulheres grávidas que atualmente não têm acesso a serviços de saúde essenciais ou mesmo a água potável.

    Segundo a entidade, 5.500 dessas mulheres deverão dar à luz no próximo mês.

    Envolvimento de outros países no conflito

    Enquanto aumenta expectativa de que Israel inicie uma invasão de Gaza por terra, há o temor de que uma nova frente de guerra se abra em direção ao Líbano — o que ocorreria principalmente se o grupo xiita libanês Hezbollah decidisse se envolver e atacar Israel em apoio ao Hamas, seu aliado.

    Nesta sexta-feira (13), as Forças de Defesa de Israel afirmaram que uma explosão causou “danos leves” a uma cerca de segurança na fronteira de Israel com o Líbano, perto do kibutz de Hanita, no norte.

    As forças israelenses estão “respondendo com artilharia contra o território libanês”.

    Na quinta-feira, o secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, prometeu apoio “inabalável” a Israel durante uma visita ao país.

    Ele acrescentou que Israel “nunca estará sozinho”, que a forma como o país se defende agora “importa” e que “é muito importante tomar todas as precauções possíveis para evitar ferir civis”.

    Além das dificuldades e percalços de uma operação do tipo, neste caso Israel enfrenta um duro dilema estratégico por causa dos reféns em poder do Hamas. “Vale tentar uma missão de resgate armado – altamente arriscada? Ou espera-se mais, até que o Hamas esteja tão enfraquecido pelos ataques aéreos que possa estar mais disposto a negociar um acordo?”, analisa Frank Gardner, correspondente de segurança da BBC.

    Nesta sexta, Blinken se encontrou com o presidente da Autoridade Palestina (AP), Mahmoud Abbas, e com o rei Abdullah 2º da Jordânia.

    Nesta quinta, Abbas, que é um ferrenho opositor do Hamas, falou publicamente pela primeira vez desde o ataque surpresa do Hamas. Já na Jordânia, ele apelou ao “fim imediato da agressão abrangente contra o povo palestino”.

    De acordo com um comunicado divulgado pelo gabinete do presidente, Abbas rejeitou “práticas relacionadas com o assassinato de civis ou o abuso em ambos os lados”.

    Os líderes se reuniram em Amã para discutir “formas de travar a agressão israelense contra o povo palestino e entregar ajuda e alívio” a Gaza.

    O secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken (à esq.), se encontrou com o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu (Reuters)

    De acordo com o comunicado, ele também enfatizou que os palestinos “renunciam à violência e aderem à legitimidade internacional” e disse que os ataques a civis tanto pelas forças israelenses quanto pelo Hamas “violam a moral, a religião e o direito internacional”.

    O grupo assumiu o controle de Gaza em 2007, expulsando forças leais à AP no então governo e ao movimento Fatah de Abbas, após uma ruptura violenta.

    Nesta sexta-feira, a ONU fará uma reunião do Conselho de Segurança, atualmente presidido pelo Brasil, para discutir a situação do conflito na Faixa de Gaza.

    A BBC News Brasil apurou que Mauro Vieira, ministro das Relações Exteriores e presidente da sessão da sessão, tentará aprovar a montagem de um corredor humanitário em Gaza com a anuência dos demais membros do conselho.

    Na noite desta quinta, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que conversou com o presidente de Israel, Isaac Herzog, para agradecer “o apoio para a operação de retirada dos brasileiros (de Israel) que desejam retornar ao nosso país”.

    “Reafirmei a condenação brasileira aos ataques terroristas e nossa solidariedade com os familiares das vítimas”, escreveu Lula nas redes sociais.

    “Solicitei ao Presidente todas as iniciativas possíveis para que não falte água, luz e remédios em hospitais. Não é possível que os inocentes sejam vítimas da insanidade daqueles que querem a guerra. Transmiti meu apelo por um corredor humanitário para que as pessoas que queiram sair da Faixa de Gaza pelo Egito tenham segurança”, finalizou o petista.

    Na quarta-feira, o secretário-geral da ONU, António Guterres, também fez um apelo para que suprimentos essenciais possam chegar aos civis na Faixa de Gaza em meio aos bombardeios de Israel.

    “Suprimentos cruciais para salvar vidas, incluindo combustível, alimentos e água, devem ser autorizados a entrar em Gaza. Precisamos de acesso humanitário rápido e desimpedido agora”, disse Guterres.

    Os Estados Unidos estão trabalhando com Israel e Egito para estabelecer uma rota de passagem segura para civis para fora de Gaza, disse a Casa Branca.

    O governo egípcio também mantém discussões com os envolvidos no conflito para que haja uma trégua para fornecer ajuda humanitária na Faixa de Gaza.

    “Quero agradecer o Egito pelo seu empenho em facilitar o acesso humanitário através da passagem de Rafah e em disponibilizar o aeroporto de El Arish para assistência crítica”, disse Guterres.

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