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    Covid-19: Enfermeiros de Manica queixam-se da falta de condições

    Os enfermeiros da província de Manica pedem ao Governo de Moçambique melhores salários e condições de trabalho devido à pandemia da Covid-19. Uma auditoria nacional está em curso para apurar os problemas do sector.

    Os enfermeiros de Manica lembram que estão expostos a vários riscos lado a lado com os pacientes infectados pela Covid-19. As queixas surgem numa altura em que há mais de 300 casos confirmados da doença em Moçambique. O novo coronavírus já chegou à província com pelo menos um caso positivo.

    Miranda Uanela, enfermeira de saúde materno-infantil, diz que os enfermeiros têm grandes desafios em Manica, a começar pelas infraestruturas, que não seguem as normas estipuladas pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

    “Temos várias dificuldades, como a falta de material de protecção no exercer das nossas actividades – e não só. Temos falta do próprio pessoal qualificado para atender esses casos [de Covid-19], apesar de estarmos a fazer treinamentos rotineiros para superar essa dificuldade que ainda persiste”, sublinha.

    Utentes sem máscara

    “Como veem, nem todos têm máscaras. Obrigamos todos os utentes que entram nas unidades sanitárias a colocarem as suas máscaras, mas ainda aparecem pessoas sem máscaras. Alegam não ter condições de comprar a própria máscara para poderem proteger-se da Covid-19 e também para proteger o profissional de saúde”, diz a enfermeira.

    “Estamos a falar das condições de trabalho do próprio enfermeiro e a questão da remuneração, que atualmente ainda não satisfaz os anseios ou os desafios do enfermeiro”, esclarece o presidente da Ordem dos Enfermeiros em Manica.

    Carlos Moisés adianta que a Ordem está a tentar criar um estatuto do enfermeiro com a deontologia e a ética profissional de enfermagem bem detalhadas.

    “Estará tudo bem acautelado. E queremos acreditar que, se isso estiver bem, vamos conseguir minimizar os desafios ou os problemas que a enfermagem atravessa até agora”, explica.

    Auditoria nacional em curso

    António Bernardo Chissaca, mandatário do sector da saúde em Manica, reconhece os problemas que afectam os enfermeiros na província. Avança que está em curso uma auditoria ao nível nacional no sentido de apurar, e consequentemente solucionar, os problemas vigentes.

    “Estamos a fazer uma auditoria para ver se a desigualdade salarial diminui. Como podem ver, do nível médio para o superior, há uma grande desigualdade salarial, mesmo em termos da mesma classe de enfermagem”, afirma.

    Chissaca indica ainda que mesmo dentro do nível superior existem desigualdades. “O licenciado na enfermagem e o licenciado médico têm uma desigualdade [salarial] muito grande. Então, estamos a lutar e a fazer advocacia para diminuir essa desigualdade salarial”, acrescenta.

    O mandatário da saúde em Manica conta que é necessário aumentar o número de enfermeiros para aumentar o rácio enfermeiro/utente e deixa um apelo aos profissionais. “Queremos ter um enfermeiro cada vez mais espelho, um enfermeiro cada vez mais modelo e um enfermeiro cada vez mais a servir a comunidade. Esse é um apelo que deixo para todos enfermeiros”, diz.

    Na província de Manica, há 1.062 técnicos de enfermagem – cerca de um enfermeiro para cada 1.900 habitantes. Um rácio insuficiente para prestar cuidados médicos adequados, dizem os enfermeiros.

    Perante à ameaça do novo coronavírus, Miranda Uanela deixa um apelo: “Vamos prevenir-nos a todos para que a classe dos enfermeiros continue viva. Porque se nós não nos protegermos, quem vai sofrer mais é a própria comunidade e o próprio enfermeiro. Se não nos protegermos, será fácil disseminarmos a Covid-19 para além das fronteiras. Até para aquelas comunidades que nós não esperamos que tenham [Covid-19], podem vir a ter, porque não nos estamos a proteger”.

    Salários baixos

    José Carlos Moisés, presidente da Ordem dos Enfermeiros em Manica, confirma as dificuldades dos profissionais, que passam também pelos salários baixos. Admite que existem muitas coisas que o Governo não está a conseguir resolver sozinho, mas quer acreditar que “paulatinamente o Governo possa fazer alguma coisa para que todo o enfermeiro se sinta confortável”.

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    FonteDW

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