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    Construção de mais captações é prioridade

    O sector das Águas na província do Namibe está a trabalhar no reforço de todas as captações para tornar mais eficiente o abastecimento às populações. Uma situação que tende a complicar-se conforme aumenta o crescimento das localidades. O abastecimento de água na província é estável, sobretudo na época do Cacimbo, em que as pessoas fazem menos consumo, tornando a distribuição eficaz. Mas quando chega a estação das chuvas e o calor aperta, o sistema tende a falhar, devido às suas próprias limitações e alcance.
    O município do Namibe é aquele que mais água bruta produz, com as captações do Benfica, Boavista, Cussi e Aida, perfazendo uma produção de mais de 17 mil metros cúbicos.
    O director provincial das Águas, Arlindo Tavares, confessa que a produção não ultrapassa as necessidades de água da população. As dificuldades aumentaram com o crescimento vertiginoso dos bairros 5 de Abril e do Valódia, e ainda com o surgimento das novas centralidades: do Aeroporto à Praia Amélia surgiram um total de quatro mil novas habitações.
    Este contexto acarretou uma gestão da água deficiente. Há falta de reservatórios e há uma necessidade óbvia de expandir o sistema de abastecimento. As redes provisórias já não satisfazem as necessidades dos cerca de nove mil utilizadores com ligações domiciliárias regularizadas. “Essas redes precisam de ser redimensionadas. Nos anos anteriores, o número de canalizações domiciliares rondava os três mil. Hoje o crescimento triplicou”, explica Arlindo Tavares.
    Perante este cenário, torna-se óbvia a necessidade de encontrar um órgão público que zele pela manutenção e melhor assistência técnica dos sistemas, porque a direcção provincial, garante, não tem quadros suficientes nem capazes, para suprir condignamente as deficiências registadas em todos os sistemas. Além disso, depara-se com a falta de meios logísticos, de protecção e outro equipamento de apoio técnico.
    O abastecimento de água ao bairro 5 de Abril, periferia da cidade do Namibe, continua a tirar o sono aos responsáveis do sector. Arlindo Tavares lembra que, depois das cheias de 2001, foi cedido nos bairros ­Nação Praia e Tchindukutu um espaço para a construção de novas habitações, para acolher a população que perdeu as suas residências. Estas pessoas, explica, eram abastecidas com dez metros cúbicos (correspondentes a dez mil litros de água por hora). Mas, com o passar dos anos, o bairro 5 de Abril foi crescendo e as solicitações também aumentaram.
    O maior aglomerado populacional da província do Namibe precisa de ser reforçado com uma captação, a par do bairro Valódia, também em franco crescimento, onde há a necessidade de se redimensionar todos os equipamentos.

     “Não é com pequenos fontanários que vamos resolver o problema”, reconhece.
    O sistema Cussi, que foi concebido para abastecer o bairro Forte Santa Rita e construído com uma capacidade que lhe permitia trabalhar satisfatoriamente até dez anos, passou a ser a alternativa. Porém, explica Arlindo Tavares, esta situação reduziu a disponibilidade de captação do Cussi, embora haja a promessa de se construir uma captação independente ou ampliar aquele sistema.
    “No 5 de Abril não conseguimos, com 150 metros cúbicos, que é a produção total da água bruta na captação do Cussi, abastecer a vasta população, que é quatro vezes mais do que todo centro urbano”, reconhece.
    A cidade tem cinco reservatórios que totalizam uma capacidade de armazenamento de quatro mil metros cúbicos, insuficientes devido às perdas de água nas redes adutoras e nos tanques de abastecimento, por rupturas nas condutas.

    Cobertura

    Na sede da vila piscatória do Tômbwa está em curso um projecto de reabilitação que tem por objectivo o reforço da captação. A rede de distribuição abrange cerca de 80 por cento da localidade, graças ao reforço da captação do Curoca. A conclusão do projecto vai proporcionar melhor abastecimento à população, garante Arlindo Tavares.
    No município do Virei está em execução a ampliação da rede para as novas centralidades e melhoraria das ligações domiciliares, além da construção de uma jusante para um tanque de abastecimento na sede da comuna. Com estes trabalhos, o abastecimento de água às populações também poder vir a melhorar.
    No município da Bibala foi recentemente construído um tanque de 150 metros cúbicos. Com o aproveitamento das águas superficiais, vai haver melhorias no abastecimento à sede municipal. Quanto a Camucuio, Arlindo Tavares diz haver no município várias adversidades resultantes da escassez de águas subterrâneas.
    O director das Águas lembra que este é um problema que normalmente se verifica na zona norte da província, que apresenta uma produção muito baixa, variando entre os 100 e 200 metros cúbicos por hora. Mas com o surgimento do programa “Água para Todos”, acrescenta, foi criado um estudo para contornar a situação.
    No município do Camucuio, tal como na sede comunal do Xingo, foram construídos sistemas com tanque de abastecimento, adutora, captação, rede domiciliar e alguns fontanários. Além disso, existe um uma captação subterrânea com aproveitamento de águas superficiais, adutora e tanque de abastecimento com ligações domiciliares.
    No Xingo, como em todas as sedes comunais onde houve intervenções, foram sempre tidas em conta as instituições públicas, como os postos médicos, hospitais, residências dos quadros e escolas. A preocupação agora é manter esses sistemas funcionais e propor a reserva de materiais sobresselentes para que o sistema continue duradouro.
    “Foi ainda reabilitado o sistema do Caraculo, no município da Bibala, onde se construiu uma nova captação, adutora e foi expandida a rede com ligações domiciliares e pontos de água. Ficou igualmente concluído o sistema de abastecimento nas Mangueiras, no Munhino e na área de Assunção, além de outras obras no Luso 101. São sistemas e pontos de água nas pequenas localidades a que a população acorre para consumo doméstico, rega e dar de beber ao gado”, explica.

    Especulação

    O director provincial das Águas está preocupado com a venda ambulante de água a preços muito especulativos, no bairro 5 de Abril.
    Segundo diz, os candongueiros, na ânsia do lucro fácil, aproveitam-se da situação para vender o líquido à população a um preço que não está ao alcance de todos os moradores do bairro.
    “Um balde de 20 litros custa 50 kwanzas. Isso também preocupa o sector”, lamenta, referindo que a única solução é construir captações com adutoras, tanques e restituir as tubagens. “Assim, vamos combater a venda de água nos bairros 5 de Abril e 4 de Março. Neste último, já foram mobilizados os meios para a construção de uma captação”, garante.
    No bairro da Juventude, o sistema de abastecimento funciona e a venda ilegal de água ficou ultrapassada. Agora o que se pretende é combater a abertura de furos ou ligações clandestinas.

    Necessidades

    O sector depara-se com a inexistência de meios de transportes, equipamentos técnicos, lubrificantes, acessórios e quadros qualificados. A falta de uma unidade pública de atendimento não permite uma manutenção técnica em todos os sistemas.
    A direcção das Águas na província tem 76 trabalhadores, entre operários qualificados (os poucos existentes são de 2ª classe, mas habilitados pela prática e experiência durante muitos anos), técnicos de nível médio e superiores, e administrativos.

    Fonte: JA

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