O eleitorado é chamado a eleger, no dia 24 de Janeiro, o próximo Presidente da República. Reunimos aqui, em sete artigos, os perfis dos sete candidatos presidenciais, pela ordem em que vão aparecer nos boletins de voto.
Marisa Matias: Vencer Belém para salvar a Saúde e romper com os privilégios
Feminista, defensora dos Direitos Humanos e laborais e de um regime político que acabe com os privilégios. Assim se assume Marisa Matias, a candidata presidencial apoiada pelo Bloco de Esquerda, que promete ser fiel aos seus princípios e ajudar a recuperar o país da crise trazida pela pandemia de Covid-19.
A força do seu programa é a democracia e a sua grande motivação o reforço do Serviço Nacional de Saúde: um “bem essencial” para o qual garante lutar com a toda a força que tiver, quer vença a corrida a Belém, quer não.
Foi na pequena aldeia de Alcouce, em Coimbra, que há 44 anos nasceu Marisa Isabel dos Santos Matias. Lembra-se de ter visto chegar àquele lugar a eletricidade, a água e o telefone. “Foi uma infância muito feliz, muito comum a muita gente da minha geração”, contou recentemente a recandidata presidencial, em entrevista ao projeto apartidário “Os 230”.
Marcelo Rebelo de Sousa: O político que falhou mas chegou a Presidente
31 de agosto de 1989. Corria a campanha para as eleições autárquicas e Marcelo Rebelo de Sousa disputava com Jorge Sampaio a liderança da capital. Nesse dia, protagonizou um dos gestos mais irreverentes entre tantos outros que viriam a distinguir a sua atuação política em décadas seguintes. Mas o mergulho no Tejo não lhe valeu a vitória.
Anos mais tarde, na liderança do PSD, entre 1996 e 1999, os resultados foram pouco surpreendentes e Marcelo nunca chegou a ser testado em eleições legislativas. Mas o malogro político deu lugar ao comentador que conseguiu catapultar-se para a Presidência da República, aproveitando um espaço mediático e televisivo semanal que o aproximou dos portugueses. Percorremos os principais momentos da vida do atual Presidente da República, que este ano se recandidata a Belém.
Tiago Mayan Gonçalves, o “candidato genuinamente liberal”
Tiago Pedro de Sousa Mayan Gonçalves nasceu a 5 de março de 1977 no Porto. Cidade onde cresceu, estudou e vive. Formou-se em Direito na Universidade Católica Portuguesa, trabalha no Instituto Universitário da Maia e faz voluntariado na Refood na Foz do Douro. Tem o apoio do partido Iniciativa Liberal nesta corrida à Presidência da República.
“Chamo-me Tiago Mayan Gonçalves e sou o primeiro candidato genuinamente liberal a Presidente da República”. É desta forma que apresenta a sua candidatura ao Palácio de Belém.
“Amo o meu País e amo a minha Cidade”, frisa o portuense.
As duas vidas de André Ventura
Primeiro dia de outubro de 2017, eleições autárquicas em Loures. Terá sido esta a data em que abortou o projeto político do André Ventura social-democrata (no seio da família PSD) e teve início a gestação do André Ventura populista, liberal e conservador preparado para ocupar a franja da extrema-direita portuguesa.
Nesse escrutínio local, Ventura ficaria atrás de comunistas (que arrebatam o poder municipal) e socialistas com apenas 21,55 por cento dos votos. Apesar de ter garantido ao PSD um aumento de mais de quatro pontos percentuais em relação aos resultados de 2013, o discurso negativo contra a comunidade cigana – que Ventura jogou como um trunfo – não foi suficiente para ganhar a autarquia. “Não foi suficiente” ou “jogou contra a candidatura”, a leitura depende do escopo ideológico. Um ano depois renuncia ao mandato de vereador e o Chega nasce meio ano depois, a 9 de abril de 2019, com a bandeira hasteada na questão cigana.
Vitorino Silva, o candidato que quer combater os populismos
Vitorino Francisco da Rocha e Silva, conhecido como Tino de Rans, tem 49 anos, é calceteiro e foi presidente da Junta de Freguesia de Rans, a sua terra-natal no concelho de Penafiel, entre 1994 e 2002, eleito pelas listas do PS.
Há cinco anos foi candidato a Belém, tendo conseguido 3,28 por cento dos votos. Em 2019, fundou o partido RIR (Reagir, Incluir e Reciclar). Anunciou a candidatura às presidenciais de 2021 a 13 de setembro, no Porto, com o objetivo de “combater os populismos”.
Frequentou o curso de comunicação no ISLA – Vila Nova de Gaia. Casado, tem uma filha, Catarina, de 23 anos, que afirma ser o seu “semáforo”. É o sexto de oito irmãos. Apesar de ser um homem de muitos ofícios, é como calceteiro que se define, profissão que exerce na Câmara do Porto.
“Gosto de me definir como um tatuador de chãos”, afirma.
João Ferreira, o candidato que quer cumprir a Constituição, defender a saúde e valorizar os salários
Licenciado em Biologia, eurodeputado, vereador na Câmara Municipal de Lisboa e sempre com um pé em projetos relacionados com o ambiente, João Ferreira é o candidato às eleições presidenciais de 2021 apoiado pelo Partido Comunista Português. Se conquistasse Belém, não abdicaria “de nenhum dos poderes que o Presidente da República tem (…) para garantir a resposta aos problemas pendentes que o país enfrenta e uma resposta em conformidade com a Constituição”.
Nascido e criado em Lisboa, João Manuel Peixoto Ferreira, de 42 anos, é o candidato pelo Partido Comunista Português ao Palácio de Belém.
Biólogo de formação e ligado a vários projetos ambientais, já tem alguma experiência em eleições. João Ferreira é deputado no Parlamento Europeu desde 2009, tendo sido o cabeça de lista da CDU (coligação do PCP e do PEV) nas duas últimas eleições europeias, e vereador sem pelouro na Câmara Municipal de Lisboa desde 2013.
Ana Gomes: A mulher que divide opiniões e ambiciona ser a primeira a chegar a Belém
Ana Maria Rosa Martins Gomes nasceu em Lisboa, a 9 de fevereiro de 1954. É licenciada em Direito, mas começou desde cedo na diplomacia. Acompanhou de perto o nascer da independência em Timor-Leste, esteve 14 anos no Parlamento Europeu e enfrenta agora Marcelo Rebelo de Sousa e cinco outros candidatos na corrida à Presidência da República. Ana Gomes quer ser a primeira mulher a chegar a Belém e promete não ser uma Presidente “discreta”, assim como uma candidata que divide opiniões, mesmo dentro do próprio partido.
Exercer advocacia era, inicialmente, o sonho de Ana Gomes e em 1979 terminou a licenciatura em Direito na Faculdade de Direito de Lisboa. Mas foi na diplomacia que encontrou a sua verdadeira vocação.
Um ano depois de terminada a licenciatura, com 26 anos, Ana Gomes foi desafiada por amigos a entrar no concurso para o Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) – uma ideia que nunca lhe passara pela cabeça. “Assim fiz, um pouco desportivamente, porque gostava de estar a trabalhar no escritório e era monitora na faculdade. Mas acabei [o concurso] classificada em primeiro lugar, o que decidiu a minha vida”, revela a diplomata à revista Máxima.