A vice-presidente do MPLA, partido no poder em Angola, afirma que o país está a viver um “momento sublime”, em que são necessários “verdadeiros patriotas” para apoiar o processo de combate à corrupção.
Segundo avança a DW África, Luísa Damião discursava este sábado, 20, na abertura da “Campanha Pública de Moralização da Sociedade”, iniciativa do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), que se realizou em Talatona, a sul de Luanda, sob o lema “Combater a Corrupção e a Impunidade, É Garantir um Futuro Melhor e o Bem-Estar das Famílias Angolanas”.
“A moralização da sociedade é uma tarefa que necessita da força de todos. É urgente a necessidade e a oportunidade que temos no nosso tempo e nesta geração de corajosa e destemidamente fazermos um corte, uma ruptura de rejeição, contra as más práticas. É na verdade um momento sublime da nossa história, em que se precisam verdadeiros patriotas, homens e mulheres que defendam causas nobres e se propõem virar a página e deixar de navegar na impunidade”, sublinhou a dirigente do MPLA.
Segundo Luísa Damião, têm de juntar-se sinergias em torno de um combate “sem tréguas à corrupção, ao nepotismo, a impunidade e à bajulação”, que são vencíveis com o contributo todos os sectores da sociedade angolana.
A vice-presidente do partido que lidera Angola desde 1975, ano em que acedeu a independência, lembrou que os fundadores do MPLA cumpriram a sua parte, com o sonho, realizado, de um novo país, pelo que chegou a hora de, hoje em dia, todos os angolanos terem a responsabilidade de lutar contra o “inimigo comum”.
“A corrupção, o nepotismo, a impunidade e a bajulação são como se de uma bomba atómica se tratasse, que não poupa ninguém, pelo que tudo, absolutamente tudo, devemos fazer para vencê-la com todos os meios e inteligências necessárias. Devemos todos renunciar ao suborno, ou seja, o uso da recompensa escondida para conquistar um ato, ou omiti-lo, de um funcionário público a seu favor”, insistiu.
Corrupção, “um crime hediondo”
Para Luísa Damião, o nepotismo consiste na concessão de empregos ou favores por vínculo, e não por mérito, e o peculato é o desvio ou apropriação de fundos públicos para uso privado, pelo que um país em que impera a impunidade “gera descredibilização nas instituições, na confiança e no simbolismo que as mesmas transmitem à sociedade”.
“Os recursos financeiros ou materiais provenientes da corrupção tornam-se numa desonra pública. É um dinheiro que não é nosso. É do povo para realizar o interesse público. A corrupção é um crime hediondo que deve ser combatido sem tréguas com todas as forças”, acrescentou.
Lembrando que o combate à corrupção é um dos temas prioritários do Programa de Governo 2017/22, Luísa Damião reiterou a necessidade de o cumprir, algo que “há muito se impunha: um combate cerrado e a sério no nosso país”. “É o que estamos a fazer, mobilizando todas as instituições e a sociedade civil a juntar-se à luta que é de todos nós, na medida em que somos directa ou directamente afectados por ela, quer queiramos ou não. Todavia, estamos cônscios das diferentes interpretações e mal-estar que o combate ao fenómeno possa causar entre nós. Não está em causa as pessoas, mas apenas atacar e destruir o mal”, frisou.
Para Luísa Damião, o combate à corrupção já está a dar frutos, defendendo que Angola “abriu uma nova página, um novo ciclo”. “Os cidadãos estão cada vez mais a escrutinar à ação dos gestores públicos porque estes são servidores e têm a obrigação de prestarem contas ao povo. Não há dúvidas da forte determinação, coragem e grande sentido de Estado do Presidente de Angola, João Lourenço”, sublinhou.
“O combate à corrupção e seus males é sério. Não vale a pena pensar-se que é apenas para inglês ver e que é selectivo, como alguns tentam insinuar em vez de apresentarem opiniões construtivas”, acrescentou.
Nesse sentido, a luta contra a corrupção “é um facto” e os indicadores são “bastantes animadores”, com o encorajamento e incentivo das organizações e entidades da sociedade civil nacional e internacional, “que dão boa nota aos esforços em curso no país”. “Nesta cruzada de luta contra a corrupção, o MPLA deve ocupar a primeira trincheira, assumir o papel de vanguarda e de líder”, concluiu.