
A coligação liderada pelos Irmãos Muçulmanos ameaçou boicotar as eleições legislativas marcadas para Novembro no Egipto caso a lei eleitoral não seja modificada, informou o grupo em comunicado divulgado esta semana.
“Não vamos participar nas eleições se o artigo 5º da Lei Eleitoral, que proíbe aos partidos apresentarem candidatos a um terço das vagas parlamentares, não for suspenso”, destaca o documento da coligação, que inclui o Partido da Liberdade e Justiça e o Partido Liberal Al Waf, ambos muçulmanos.
A nota refere que a coligação está surpreendida com a posição do Conselho Supremo das Forças Armadas (CSFA), “que rejeitou o pedido das forças políticas para a eleição de todos os membros da Assembleia Nacional através de listas fechadas proporcionais”.
O grupo acusou o Conselho das Forças Armadas de adoptar “um sistema que priva os partidos políticos da capacidade de apresentar candidatos” a um terço dos assentos do Parlamento, “o que significa que a disputa por estas vagas vai ser apenas entre candidatos independentes e do anterior regime”.
A lei eleitoral, promulgada por decreto militar na terça-feira, prevê a eleição de dois terços dos deputados pelo sistema de listas fechadas e representação proporcional e um terço por votação nominal reservada a candidatos independentes. O artigo 5º do decreto estabelece que os candidatos independentes eleitos não podem unir-se a qualquer bloco parlamentar, sob risco de perda do mandato.
O sistema eleitoral é alvo de intensa polémica e muitos acreditam que os lugares reservados a candidatos “independentes” são uma forma de preservar os representantes do anterior poder.
As primeiras eleições parlamentares no Egipto desde a demissão de Hosni Mubarak começam em 28 de Novembro e marcam o início de um processo eleitoral, no qual o Exército promete entregar o poder a um governo civil.
Dirigentes condenados
O Tribunal Penal do Cairo condenou nesta quarta-feira o antigo ministro da Informação egípcio, Anas el-Fekki, e o ex-director da radiotelevisão pública egípcia, Oussama el-Cheikh. Os dirigentes do antigo regime foram condenados a sete e cinco anos de prisão por corrupção, respectivamente.
Anas El-Fekki e Oussama El-Cheikh foram acusados e condenados pelo desvio de dois milhões de dólares de fundos públicos, no quadro da compra de direitos de retransmissão de jogos de futebol e de série de telenovelas.
O Tribunal Penal do Cairo concedeu autorização à televisão egípcia para transmitir em directo o julgamento, mas os juízes mandaram evacuar a sala de audiência antes do anúncio do veredicto.
Fonte: Jornal de Angola
Fotografia: Afp