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    China seduz juventudes partidárias de Angola e Moçambique

    Uma equipa coordenada pelas investigadoras portuguesas Elizabete Azevedo-Harman e Raquel Vaz-Pinto vai arrancar com um projecto para avaliar a “possível sedução” das juventudes partidárias de Angola e Moçambique pelo modelo político chinês.

    As coordenadoras do projecto – apresentado no âmbito do congresso da Associação Portuguesa de Ciência Política, que terminou no sábado e decorreu no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCSP), em Lisboa – acreditam que, em África, “o consenso de Pequim tem vindo a substituir o consenso de Washington”.

    A política dos Estados Unidos, que tentou aplicar um modelo igual para todos, “falhou redondamente em vários países africanos”, avalia Raquel Vaz-Pinto, comparando: “A China empresta grandes quantias de dinheiro, e sem fazer perguntas”.

    Na apresentação da iniciativa, na passada sexta-feira, as duas investigadoras do Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica Portuguesa realçaram que será interessante ver “como se traduzirá” a “ascensão” da China, actualmente “sobretudo económica”, em “termos políticos e militares”. A ascensão chinesa “é a expressão mais procurada no Google, em várias línguas”, destacou Raquel Vaz-Pinto, acrescentando, porém, que Pequim tem “um calcanhar de Aquiles”, a falta de autonomia energética. É por isso que depende da “garantia de recursos em África e Ásia Central”.

    Por outro lado, “as elites africanas começam a achar atractivo o modelo político chinês”, ou a ideia que têm dele, referem as investigadoras, que pretendem analisar os currículos das escolas centrais dos partidos no Governo em Angola e Moçambique – MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola) e Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique), respectivamente.

    Pequim tem falta de autonomia energética “Estarão [as elites políticas] a seguir o modelo chinês?”, questiona Elizabete Azevedo-Harman, assinalando “o fascínio de todos sobre o que a China economicamente está a fazer em África” e a indiferença com que se tem olhado para uma possível influência política.

    Caso Julius Malema

    “Diz-se que é um passeio económico e não um passeio político. Possivelmente será, mas não é assim que é visto pelas elites africanas”, acrescenta Raquel Vaz-Pinto, reconhecendo, contudo, que poderá haver diferenças entre a realidade e as percepções da realidade.

    Angola e Moçambique foram escolhidos, não pela “ligação a Portugal”, mas pelas “características comuns e interessantes que têm”, referiu Elizabete Azevedo-Harman, lembrando que são “dois países em ascensão económica”, embora a ritmos diferentes, “com recursos” e que viveram uma guerra colonial e uma guerra civil.

    O tema da influência chinesa entre as juventudes partidárias de Angola e Moçambique foi desencadeado pelo caso Julius Malema, recentemente expulso da ala jovem do Congresso Nacional Africano (ANC), o partido no poder na África do Sul. Elizabete Azevedo-Harman e Raquel Vaz-Pinto vão contar com a colaboração de equipas locais em Angola, Moçambique e África do Sul. O projecto – que arrancará no terreno só em Setembro, após as “novas lideranças” que saírem das eleições em Angola e do congresso da Frelimo – tem uma duração prevista de três anos e ainda está à procura de fontes de financiamento.

    Fonte: China Daly

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