A China activou formalmente o seu primeiro porta-aviões esta terça-feira, numa clara mostra de força que deverá inspirar receios nos países vizinhos, em pleno crescendo de tensão com o Japão devido à disputa territorial sobre as ilhas na zona leste do Mar da China.
O Ministério da Defesa chinês descreveu que este navio – uma embarcação da era soviética comprada à Ucrânia e remodelada na China – vai “aumentar a força operacional da marinha” e ajudar o país a “proteger com eficiência a soberania, segurança e desenvolvimento nacionais”. “Dar entrada operacional a este porta-aviões será de extrema importância para a capacidade de combate do nosso país a um nível moderno”, é ainda sustentado no comunicado citado pela agência noticiosa estatal Xinhua.
Para já o porta-aviões, baptizado Liaoning (o nome da província em que foi remodelado), não tem quaisquer aviões a bordo e estará limitado a um papel bastante reduzido, maioritariamente para treinos e testes antes de a China construir de raiz os seus primeiros porta-aviões, para lá de 2015, segundo é consensual entre os analistas.
Ainda assim a cerimónia de activação do Liaoning, na cidade de Dalian, no norte do país, rodeou-se de aparato, com a presença do Presidente, Hu Jintao, e o primeiro-ministro, Wen Jiabao, e constitui uma ocasião para as autoridades de Pequim fazerem uma mostra triunfal do seu poderio militar.
Isto acontece numa altura em que as relações entre China e Japão, tradicionalmente difíceis, estão num pico de tensão depois de Tóquio ter comprado, no início deste mês, as ilhas do leste do Mar da China – chamadas Senkaku no Japão e Diaoyu na China – ao seu proprietário privado, a família Kurihara, por 20 milhões de euros. Pequim reivindica soberania destas ilhas, com base em documentos que datam da dinastia Ming.
“A China jamais tolerará quaisquer acções por parte do Japão que ameacem a soberania territorial chinesa”, avisou mesmo esta terça-feira o vice-ministro chinês dos Negócios Estrangeiros, Zhang Zhijun, numa reunião com o seu homólogo japonês, que visa tentar debelar a actual tensão entre Tóquio e Pequim.
Os riscos de um confronto militar envolvendo os dois países são bastante escassos, mas tensões políticas entre ambos – as duas maiores economias da Ásia – pode alimentar uma escalada que acabe por conduzir a algum incidente no mar, como já aconteceu no passado recente.
A complicar ainda mais a situação no leste do Mar da China, Taiwan, que também reclama direitos sobre as Senkaku/ Diaoyu, entrou activamente no diferendo: pelo menos 40 barcos de pesca e 12 da Guarda Costeira de Taiwan aproximaram-se daquela área e acabaram por ser afastados sob rajadas de canhões de água disparados por embarcações da Guarda Costeira japonesa.
A China, para a qual Taiwan renega a soberania de Pequim ilegitimamente, tinha seis barcos de patrulha na zona na altura daquele incidente: quatro afastaram-se, mas outros dois permaneceram em águas próximas da zona territorial marítima japonesa.
FONTE: Público