Filosofia, amor e tragédia são alguns dos aspectos que caracterizam a história do espectáculo de teatro “O Orfeu Negro” em exibição hoje, às 18h30, no Centro de Animação Artística do Cazenga (Anim’art), em Luanda.
O enredo, inspirado na mitologia grega, conta a história de Orfeu e Eurídice. O homem vai resgatar o seu amor ao inferno, mas durante a caminhada de regresso à vida o casal acaba por ficar no abismo.
Adaptado à realidade angolana em época do Carnaval, a personagem Eurídice vem do interior para morar nos bairros suburbanos da capital com prima Serafina. Insegura e assustada, foge de um homem que a persegue e quer matá-la, sem motivo aparente.
Entre dúvidas e incertezas, Eurídice pensa que esse homem talvez tenha gostado dela e como não lhe dera confiança, agora quer vingar-se. A jovem apaixona-se perdidamente por Orfeu, que é noivo da bela e sedutora Mira.
O tempo corre, Mira passa a perseguir Eurídice, com ciúmes. Serafina ajuda a prima a seduzir Orfeu, mas apavora-se e corre quando vê que o tal misterioso está por perto.
A história é levada ao palco pelos formandos do Anim’art, sob direcção de Francisco Marques. O grupo adaptou o drama à
realidade angolana, deixando a criatividade e talento dos jovens angolanos fluir e dar cor a esta produção do Centro de Animação Artística do Cazenga.
“O Orfeu Negro” é um espectáculo onde a expressão está presente e no seu desenrolar a música e a dança tomam conta da situação, terminando em tragédia, como era de esperar. A peça conta com a participação de 25 actores com a assistência do comediante da Companhia Palco Aberto e responsável pelo Círculo de Interesse de Formação em Teatro no Anim’Art, Nelson Gonçalves.
Um espectáculo em homenagem a Charles Chaplin “Charlot” denominado “Olá Senhor Chaplin”, foi exibido ontem, no mesmo espaço, enquadrado nas celebrações dos dez anos de parcerias (2007 e 2017) entre a Globo Dikulo e as suas congéneres francesas, Fra Angelico e Tournefou, no âmbito da cooperação artística e cultural.
O espectáculo, apresentado em oito cenas interpretadas por adolescentes e crianças, foi inspirado nos filmes do cinema mudo de Charlot, que revelam a força da expressão, emoção, poesia e humor.
O director-geral do Centro de Animação Artística do Cazenga (Anim’Art), Orlando Domingos, disse ontem que o espectáculo foi construído com base nos exercícios da oficina de expressão teatral durante duas semanas, sob orientação dos formadores Francisco Marques, presidente da associação parisiense Fra Angeloco, animador cultural e formador em expressão teatral para crianças e adultos, responsável pela cooperação com Angola e Portugal, e Cristine Saillet, animadora cultural e formadora em expressão teatral para crianças e adultos, co-directora da Academia Internacional de Teatro para Crianças e responsável pela cooperação com Argélia.
Criação do Núcleo
A criação do Núcleo de Expansão do Teatro Escolar (NETE) foi proposto há dias, em Luanda, em vista a multiplicação da acção, disse, o director do Centro de Animação Artística do Cazenga (ANIM’ART).
Orlando Domingos disse que a ideia é promover um espaço para o diálogo aberto e orientador sobre questões ligadas a pedagogia da expressão teatral propiciando mecanismos de intervenção e actuação directa nas escolas.
Desta forma, explicou Orlando Domingos, o ANIM’ART, como um espaço de promoção e desenvolvimento de acções para a elevação do nível cultural da juventude, estaria a cumprir com um dos pressupostos do projecto através da participação nas actividades da vida social e comunitária. (Jornal de Angola)