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    Cabo Verde: «Primeiro-ministro perdeu a oportunidade de evitar manifestações e greve»

    Praia – As duas centrais sindicais de Cabo Verde não consideram o Primeiro-ministro um interlocutor válido e acusam-no de ter perdido a oportunidade de discutir a situação laboral dos trabalhadores.

    As afirmações foram feitas na semana em que estão marcadas aquelas que, segundo a organização, serão as maiores manifestações de trabalhadores jamais vistas no país.

    «A grande oportunidade perdida pelo Primeiro-ministro deu-se quando inviabilizou o acordo de concertação social com os parceiros», disse à PNN o Presidente da Confederação Cabo-verdiana dos Sindicatos Livres (CCSL), que, juntamente com a União Nacional dos Trabalhadores Cabo-Verdianos – Central Sindical (UNTC-CS), prepara manifestações em todo o país no a 1 de Junho e ameaça com uma greve geral, provavelmente, antes das Eleições Autárquicas a 1 de Julho.

    José Manuel Vaz reagia assim à afirmação do Primeiro-ministro de não ter recebido nenhum pedido de encontro por parte das centrais sindicais para discutir os problemas dos trabalhadores, à semelhança do que aconteceu com o Presidente da República, o Presidente da Assembleia Nacional e os responsáveis das duas principais denominações religiosas do país.

    Segundo José Vaz, «o Primeiro-ministro já não é um interlocutor válido porque não fez o que devia, por isso não ter sido contactado nessa qualidade», no entanto, «enquanto Presidente do PAICV, pedimos um encontro há um mês e ele ainda não nos respondeu», continuou aquele líder sindical, reiterando que o mesmo convite foi feito aos outros dois partidos com assento parlamentar, o MpD e a UCID.

    Instado a comentar o facto de o Chefe do Governo ter praticamente descartado qualquer possibilidade de introduzir o 13º salário este ano, alegando que as condições do país a 6 de Fevereiro de 2011, quando fez a promessa, não serem as mesmas de agora, José Manuel Vaz é perentório:
    «Não é verdade porque em 2011 o crescimento da economia cabo-verdiana esteve à volta dos 5% e este ano as previsões apontam para entre 6 e 7%».

    Sendo assim, as duas centrais sindicais que, pela primeira vez se juntam para organizar o que chamam de «jornada de luta a favor dos trabalhadores cabo-verdianos» radicalizaram as suas posições e esperam «uma grande participação popular em todas as ilhas», reiterou Júlio Ascenção Silva, secretário-geral da UNTC-CS.

    Ainda antes do dia das manifestações, a 1 de Junho, as duas centrais pretendem anunciar a data de uma greve geral, que pode acontecer ainda antes do dia das eleições autárquicas, a 1 de Julho.

    A acontecer durante o mês de Julho, os candidatos do PAICV, partido que suporta o Governo, podem ter de enfrentar um adversário inesperado, apesar das questões laborais não serem da esfera do poder local.

    «O Governo leva atrás de si todo o sistema PAICV e por isso, em caso de uma grande adesão popular e de uma greve de peso antes das eleições, os candidatos daquele partido vão sofrer danos que podem ser irreparáveis», considera o economista Carlos Silva.

    Aquele analista alerta para o facto histórico de a UNTC-CS, uma central sindical próxima do PAICV, se aliar à CCSL, conotada com a oposição e que tem tomado posições muito duras contra o Governo.

    «A UNTC-CS pode ter sido pressionada pelos próprios trabalhadores e, apesar de cerca de 80% dos trabalhadores sindicalizados lhe pertencerem, não quer correr o risco de perder associados», concluiu Carlos Silva.

    As manifestações estão marcadas para a próxima sexta-feira, 1 de Junho, em todo o país.

    Fonte: PNN Portuguese News Network

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