24.4 C
Loanda
Domingo, Novembro 10, 2024

Cabo Delgado: Governo promete proteger operações de gás, mas analistas questionam

PARTILHAR
FONTE:VoA

O Governo de Moçambique promete forças especiais do exército, da marinha e da polícia em número suficiente para a protecção das operações de petróleo e gás na bacia do Rovuma, em Cabo Delgado, e o assunto divide opiniões.

A publicação Carta de Moçambique avança que as forças especiais vão proteger não apenas a Península de Afungi, onde está a ser desenvovido um projeto bilionário de Gás Natural Liquefeito, mas também os trabalhadores que vivem nas comunidades vizinhas.

A promessa é feita ao abrigo de um Memorando de Entendimento entre o Governo e a Total, sendo que a companhia petrolífera deverá fornecer equipamentos, veículos e dinheiro, de acordo com aquela publicação.

Privatização da soberania

Entretanto, o Centro para a Democracia e Desenvolvimento (CDD), diz que apesar de reconhecer a necessidade de protecção das operações petrolíferas contra ataques terroristas, este modelo é problemático.

Para o director do CDD, Adriano Nuvunga, este modelo significa a privatização da soberania moçambicana, realçando que o Governo tem o dever de assegurar, com os seus recursos humanos, logísticos e financeiros, a estabilidade militar em todo o território nacional.

Ele avança que “ao permitir o destacamento de contingente para a protecção de interesses privados em troca de pagamentos monetários, o Governo está a privatizar os serviços das forças de defesa e segurança e, consequentemente, a violar a Política de Defesa e Segurança”.

Nuvunga diz ainda que o modelo adoptado pelo Governo tem o risco de criar problemas dentro das próprias forças de defesa e segurança, dado que os efectivos que irão prestar serviços às operações petrolíferas terão, além de salários pagos pelo Estado, subsídios transferidos pelo projecto LNG e direito à alimentação de qualidade.

Altos riscos

Contudo, para o líder do Partido para a Paz, Democracia e Desenvolvimento (PDD), Raúl Domingos, conhecedor de questões militares, isso é pacífico, “porque as forças especiais correm altos riscos”.

Aquele dirigente político recorda que no tempo da guerra colonial existiam grupos especiais de paraquedistas, sapadores, comandos e de fuzileiros navais”, isto para dizer que as forças armadas de qualquer país têm grupos especiais para missões específicas”.

“Não se pode pegar num jovem de 18 anos que foi treinado para o Serviço Militar Obrigatório durante 45 dias para colocá-lo em operações especiais, porque isso é criar condições para que ele seja capturado à mão”, enfatizou Raúl Domingos.

Por seu turno, Calton Cadeado, especialista em assuntos de negociação de conflitos, considera que tudo o que for possível fazer deve ser feito, porque o conflito em Cabo Delgado ultrapassa a dimensão das capacidades do Estado.

spot_img
ÚLTIMAS NOTÍCIAS
spot_imgspot_img
ARTIGOS RELACIONADOS

Moçambique: possível saída da SAMIM, de Cabo Delgado, inquieta sociedade civil

As organizações da sociedade civil estão preocupadas com o anuncio da possivel retirada das tropas da Southern African Development...

Moçambique: “preocupante a forma como o Governo está a lidar com a insurgência”, diz investigador

Os ataques terroristas em Cabo Delgado, no norte de Moçambique, estão a causar uma nova onda de deslocados. Para...

Presidente da República vai formalizar demissão do Governo “nos primeiros dias de dezembro”

O Presidente da República confirmou esta terça-feira que vai formalizar a demissão do Governo "nos primeiros dias de dezembro",...

António Costa demite-se: “Obviamente”

O primeiro-ministro apresentou a demissão ao Presidente da República, que aceitou. A decisão surge na sequência das buscas efetuadas...