“Congratulamo-nos com este programa que está em consonância com o memorando de entendimento e, em particular, o facto de, nalgumas áreas, a proposta ir além do que é estritamente exigido, com também algumas antecipações de medidas estruturais”, afirmou o porta-voz para os Assuntos Económicos e Monetários à estação de rádio TSF. O programa do Governo apresentado, na semana passada, na Assembleia da República, disse, é “encorajador e mostra que o Executivo está a levar a sério os esforços de reforma”.
Amadeu Altafaj elogiou o anúncio feito, na quinta-feira, pelo primeiro-ministro português, garantindo que o Governo vai adoptar, de forma excepcional, apenas este ano, um imposto extraordinário em sede de IRS equivalente a 50 por cento do subsídio de Natal – acima do salário mínimo nacional – no sentido de chegar ao final do ano com um défice orçamental de 5,9 por cento, como prometido a Bruxelas.
“Este é um passo muito responsável que demonstra a determinação inequívoca do novo Governo para fazer o que é necessário para atingir as metas do programa”, referiu. O economista e antigo ministro das Finanças de Portugal, José Silva Lopes, disse que o empréstimo do FMI e da UE, no montante de 78 mil milhões de euros, é “largamente insuficiente” e que é preciso “mais dinheiro” por parte da União Europeia.
“A União Europeia tem de arranjar novos esquemas para apoiar países em dificuldades, nomeadamente Portugal. Se a União Europeia não nos emprestar mais dinheiro, se continuar a acreditar que os mercados vão resolver o problema, estamos arrumados. Não acredito que os mercados resolvam o problema, pelo contrário, vão agravá-lo”, salientou, em Lisboa, o catedrático durante a conferência “E depois da troika?”.
“A criação de eurobonds [títulos de dívida pública europeia] é fundamental”, defendeu, à margem da conferência, o antigo ministro, que considerou também necessário que a UE aumente o orçamento comunitário para mais de 1 por cento do PIB dos países.
Fonte: Jornal de Angola