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    Bornito de Sousa: Agostinho Neto deixou a sua marca como estadista, político e humanista

    O Vice-Presidente da República, Bornito de Sousa, afirmou, ontem, em Luanda, que Agostinho Neto deixou a sua marca enquanto estadista, político, diplomata, homem de cultura, médico e humanista, tendo dedicado o melhor empenho na gestão de um país recém-independente e ainda envolto em conflitos internos e agressão externa.

    Ao discursar no acto central do Dia do Fundador da Nação e do Herói Nacional, Bornito de Sousa considerou que algumas frases ditas por Agostinho Neto são de dimensão nacional, africana e universal. Citou, como exemplo, a frase “de Cabinda ao Cunene, um só povo, uma só Nação”, que assinala a importância de unidade e harmonia entre todos os angolanos, independentemente do local de nascimento, etnia e estatuto político, social ou académico.

    A célebre frase “o mais importante é resolver o problema do povo”, Bornito de Sousa considera-a actual e exige o envolvimento e a participação das comunidades beneficiárias, “sendo disso excelentes exemplos os Orçamentos Participativos e o Voluntariado”.

    O Vice-presidente da República citou outras célebres frases de Agostinho Neto, como “Angola é e sempre será, por vontade própria, a trincheira firme da revolução em África”, “África parece um corpo inerte onde cada um vem debicar o seu pedaço” e “Ah, quem comparou a África a uma interrogação cujo o ponto é Madagáscar” (do poema “Sim, em qualquer poema”).

    Bornito de Sousa lembrou que, em 2022, assinala-se o centenário do nascimento do Presidente Agostinho Neto. Apesar de coincidir com o ano das próximas eleições gerais, disse, trata-se de um evento que está na agenda da Fundação Agostinho Neto e que deve merecer a devida atenção institucional, académia e da sociedade em geral.

    Aposta na agricultura

    O Vice-Presidente da República admitiu que só agora “o país está a acordar” para os programas que apontam para a importância da agricultura e da indústria, bem como de produção de bens e serviços localmente. Também considerou que estes “são sinais da libertação da tradicional dependência das importações em que o país mergulhou”.

    O Vice-Presidente referiu-se a uma célebre frase de Agostinho Neto, segundo a qual “a agricultura é a base e a indústria o factor decisivo do desenvolvimento”. O governante desejou que não se perca o foco reflectido no programa revisto para o período de 2020-2022, que visa, entre outras metas, a promoção da luta contra a corrupção, aumento da produção nacional, transformação local dos bens e matérias-primas, melhoraria do ambiente de negócios e dos serviços de Educação, Saúde e Protecção social.

    Bornito de Sousa defendeu, igualmente, a promoção do combate à pobreza, o desenvolvimento das comunidades e a criação de condições para a organização das eleições locais. O Vice-Presidente da República começou o discurso com a declamação de um poema de autoria de Agostinho Neto, intitulado “Confiança”, afirmando que se trata de uma poesia que projecta o sentimento de consanguinidade, de cultura e história comuns além dos oceanos, o infindável “Ka-lunga”, o grande rio cuja margem oposta “nossos olhos não alcançam” e que representa, hoje, a diáspora África e a sexta região da União Africana.

    Gestão da pandemia

    Bornito de Sousa destacou, também, o papel do Presidente da República, João Lourenço, na gestão da pandemia da Covid-19 e na priorização de recursos para a enfrentar. Deixou, igualmente, uma palavra de apresso aos professores e outros trabalhadores do sector da Educação que têm em mãos o desafio de repor o funcionamento das escolas e universidades em momento de pandemia.

    O governante recordou que a pandemia aumentou, em todo o mundo, o desemprego e as bolsas de pobreza e que Angola não é excepção. Apelou à rigorosa observação e cumprimento das medidas impostas pelas autoridades sanitárias, a nível das famílias, local de trabalho, de estudo, na rua, transportes colectivos e nos locais abertos ao público, para se cortar a transmissão do coranavirus, manter a propagação da pandemia em níveis controlados e criarem-se condições para o retorno controlado a uma “nova normal vida”.

    O Vice-Presidente da República falou, também, dos incidentes que se registam no país que envolveram efectivos da Polícia Nacional e alguns cidadãos. Segundo Bornito de Sousa, estes incidentes podem ser evitados e elogiou a postura das autoridades. “Registamos, positivamente, o gesto autocrítico de autoridades públicas perante um inusitado número de fatalidades ocorridas em circunstancias aparentemente evitáveis”, disse.

    Defendeu que, “mais do que desculpas, é necessário que se identifiquem as causas das ocorrências, adoptarem medidas adequadas e treino específico para as corrigir, mediante uma pandemia com que deveremos ter de conviver por mais ou menos longos anos”. Bornito de Sousa entende, ainda, que devem realizadas iniciativas que assegurem o respeito pelo cidadão, lei, autoridade pública, bens públicos e de terceiros, pois “democracia sem autoridade gera anarquia”.

    Pediu, também, uma atenção especial às doenças, como a malária, por ser, ainda, a primeira causa de morte no país. Para o Vice-Presidente, as doenças como a tuberculose, VIH/Sida, tripanossomíase, as crónicas evitáveis e as diarreicas agudas, a par da sinistralidade rodoviária, devem, também, merecer atenção adequada.

    Bornito de Sousa incentivou à continuidade da municipalização dos serviços de saúde, programas de vacinação infantil, atenção às determinantes sociais, tal como formação continuada dos médicos, enfermeiros e técnicos do sector.

    Um símbolo nacional que deve ser imortalizado

    Antes do acto central do 17 de Setembro, que ficou marcado por um momento cultural, foi içada a Bandeira-Monumento no Museu de História Militar. O foi acto orientado pela governadora de Luanda e testemunhado por membros do Executivo, representantes de partidos políticos e membros da sociedade civil.
    Para a governadora de Luanda, o içar da bandeira representa uma homenagem ao fundador da Nação. Com o acto, disse, pretendeu-se transmitir às novas gerações que Agostinho Neto é um símbolo nacional que deve ser imortalizado.

    Luísa Damião quer Neto nas academias

    A vice-presidente do MPLA, Luísa Damião, defende que as academias deviam continuar a estudar o pensamento político de Neto, pela sua dimensão política e cultural.

    “Seria um grande contributo para a História de Angola se os académicos aprofundassem a dimensão política e cultural de Agostinho Neto, até porque é estudado em várias universidades do Mundo”, afirmou. “Penso que os académicos deviam empenhar-se, profundamente, para mostrarem às novas gerações o que foi Agostinho Neto, qual o contributo que deu a este país, para que fôssemos, hoje, livres e independentes”, considerou.

    O deputado Manuel “Nelito” Ekuikui, da UNITA, lembrou que a libertação do país contou com a participação de líderes de outros movimentos, que, defendeu, também deveriam ser lembrados. “Agostinho Neto, Jonas Savimbi e Holden Roberto tiveram um papel preponderante para libertar Angola, no ponto de vista político e não do ponto de vista económico”, disse.

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    FonteJA

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