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    Bombeiros criam equipas especiais para socorro e resgate por via aérea

    O comandante nacional do Serviço de Protecção Civil e Bombeiros (SNPCB), António Gimbe, disse, em entrevista exclusiva ao Jornal de Angola, que a sua instituição tem um projecto para criar serviços de socorro por via aérea para atender situações de resgate e salvamento. O comissário António Gimbe afirmou que os sete mil efectivos actuais são insuficientes. O sector precisa de pelo menos 20 mil bombeiros.
    Jornal de Angola (JA) – Qual é o estado actual do Serviço Nacional de Protecção Civil e Bombeiros?

    António Gimbe (AG) – O Serviço Nacional de Protecção Civil e Bombeiros pertence ao Ministério do Interior. Foi criado para salvar vidas e proteger os bens públicos e privados. Temos, em todos os municípios do país, 1.431 instalações, entre destacamentos, esquadras e brigadas de incêndios. Neste momento, os nossos serviços têm sete mil efectivos mas precisamos de pelo menos 20 mil homens.

    JA – Os efectivos do Serviço Nacional de Protecção Civil e Bombeiros têm recebido formação?

    AG – Temos, há dez anos, uma escola nacional de formação, no município de Viana, que, anualmente, forma 400 homens. Durante este ano, foram ministrados 15 cursos aos membros das brigadas contra incêndios, que teve a participação de 85 efectivos. Quanto às forças operativas, receberam aulas tác­ticas e práticas para a extinção de incêndios diversificados.

    JA – Qual é o salário mínimo dos efectivos dos Serviços de Protecção Civil e Bombeiros?

    AG – Os salários dos bombeiros ainda não satisfazem as necessidades dos trabalhadores. O salário mínimo é de 40 mil kwanzas. Mas estamos a tentar criar uma política salarial mais justa, que inclua a protecção no trabalho, a garantia do crescimento profissional e de uma reforma condigna, através da Segurança Social. Ainda não estamos satisfeitos com os nossos serviços, quer no ponto de vista organizativo, de resultados, de remuneração e de satisfação profissional.

    JA – Qual é o perfil exigido a um candidato a bombeiro?

    AG – O perfil exigido é ser cidadão nacional, estar disponível integralmente, ter espírito patriótico, capacidade física para suportar os desafios, ter habilitações literárias que permitam compreender as técnicas de serviço, ter boa saúde e ser educado.

    JA – O Serviço de Bombeiros está preparado para atender todo o tipo de sinistros?

    AG – Podemos considerar que estamos preparados para atender todo o tipo de sinistros. Temos sabido dar resposta aos desastres que acontecem no país, mas com algumas dificuldades, tendo em conta o nosso grau de formação, de treino, de capacidade técnica e a carência de materiais, que têm condicionado a nossa actuação. Mas estamos em constante evolução, porque primamos pela formação contínua dos nossos quadros, para que estejam à altura de atender todos os problemas que surgirem.

    JA – Nas províncias há uma boa cobertura dos bombeiros?

    AG – Quase todas as províncias demonstram alguma carência. É preciso destacar que Luanda, pela sua dimensão económica e industrial, está melhor equipada em termos técnicos e materiais de trabalho. Podemos também acrescentar as cidades de Benguela, Huíla e Cabinda. Nas outras províncias temos algumas dificuldades.

    JA – Quer dizer que Luanda tem todos os serviços disponíveis?

    AG – Ainda não. Precisamos de construir mais destacamentos em todos os municípios e distritos urbanos. Brevemente, temos já montado o quartel da Cidade do Kilamba, porque a sua própria estrutura prevê a inclusão destes serviços. Precisamos de melhorar a nossa capacidade técnica e modernizar os serviços.

    JA – Os meios técnicos dos bombeiros são acessíveis?

    AG – Os meios técnicos utilizados pelos bombeiros são muito caros. Na maior parte dos casos, os equipamentos são adquiridos por encomenda, para atenderem diferentes situações, criados especificamente para situações em concreto.

    JA – Quando é que vamos ter os serviços de extinção de incêndios por via aérea?

    AG – Estamos a criar condições para termos os serviços de socorros por via aérea. Neste momento, temos o apoio das aeronaves do Ministério do Interior, que possuem equipas de pilotagem preparadas para estas actividades. Estamos a encontrar formas de aquisição desses meios para combater incêndios, resgate e salvamento de pessoas.

    JA – Existem muitos casos de afogamento?

    AG – A nível de salvamento no mar e nos rios, o Ministério do Interior lançou o projecto “Praias Seguras”, que contempla a permanência de banhistas em áreas seguras. O país tem registado muitos casos de afogamentos e uma das causas é o uso de bebidas alcoólicas de forma exagerada por alguns banhistas. Só nos últimos anos, tivemos 600 vítimas por afogamento.

    JA – Este ano há melhores perspectivas ?

    AG – Durante o primeiro trimestre de 2012, constatámos um aumento significativo de acções operativas e de prevenção desenvolvidas pelo Serviço Nacional de Protecção Civil e Bombeiros. Foram registadas 1.687 ocorrências, das quais 803 incêndios, 616 desabamentos, 85 mortes e 101 feridos e três vazamentos de gás.

    JA – Quais foram as principais causas que estiveram na base dos incêndios?

    AG – Entre as causas que originam os incêndios sobressai a negligência, com um registo de 286 casos. Depois da negligência, vêm os curto-circuitos, fogo posto e fugas de gás. A maior parte dos incêndios acontece em zonas periféricas e urbanas.

    JA – Registaram-se muitas acções de salvamento?

    AG – Ao longo do primeiro trimestre foram realizados 6.559 serviços de socorros, entre assistências, protecções, extinção de incêndios, remoções de cadáveres, resgate de vítimas e bens, neutralizações de abelhas, derrames de combustíveis na via pública, inundações, derrube de árvores e desencarceramentos em elevadores.

    JA – Quais são as províncias que registam um maior número de ocorrências?

    AG – Luanda ainda regista o maior número de sinistros, seguida pelas províncias de Benguela, Cabinda, Huíla, Kwanza-Sul, Bié e Huambo.

    JA – Na época das chuvas registaram muitos danos?

    AG – Na época quente não tivemos desastres naturais em todo o território nacional. Mas, houve i­n­cêndios que causaram vítimas humanas e destruição de bens. A sinistralidade rodoviária tem sido uma das grandes preocupações. Mas temos em curso um projecto de criação de destacamentos de prevenção rodoviária, que estão a ser montados nas estradas mais vulneráveis a acidentes.

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