Vinte e seis anos depois, o escritor angolano Boaventura Cardoso relançou e autografou, quarta-feira, em Luanda, o livro de romance intitulado “Maio, mês de Maria”.
O livro foi agora editado pela Mayamba e prefaciado por Luandino Vieira.
A sua primeira edição saiu a público em Julho de 1997, no Porto, em Portugal, pelo Campo das Letras.
De 368 páginas, a ser comercializado ao preço de oito mil kwanzas, “Maio, mês de Maria” é um romance perturbante, na qual a personagem João Segunda e a sua família, angolanos assimilados e ricos, do interior rural fogem à frente de um suspeitado, mas não ainda revelado, furacão, suspenso sobre suas cabeças e riquezas.
A viagem de fuga vai revelar o inevitável e, paradoxalmente, empurrar-lhes para o centro desse furacão, Luanda, a independência.
Na ocasião, Boaventura Cardoso disse que esse relançamento foi incentivado pelo editor, pelo facto de a obra não ter sido consumida e divulgada no país.
Referiu ter resistido historicamente a tentação de reescrever o romance, mas não a fazer pequenas emendas de forma, cujo processo de escrita está subjacente num dos pilares da cultura Bantu, que é a religião.
Explicou que no livro, o espírito da personagem de dona Josefa, interpela, aconselha e incentiva João Segunda, fazendo dele uma marionete, onde a água é o símbolo mais presente de semântica dualista que pode significar o bem e o mal.
Boaventura Silva Cardoso nasceu a 26 de Julho de 1944, é sociólogo, diplomata, escritor e político angolano.
Foi ministro da Cultura em duas ocasiões (1981 a 1990 no período, secretário com status de ministro) e de 2002 a 2008, assim como foi também Ministro da Informação (1990 a 1991), governador de Malanje (2008 a 2012) e primeiro Presidente da Academia Angolana de Letras (2016 a 2020). SJ/ART