
Durão Barroso criticou ontem os planos de Berlim e Paris para criar um governo económico da zona euro, sublinhando que a União Europeia “já tem um governo económico há muito tempo”, a Comissão Europeia.
“É uma ilusão pensar que a zona euro pode ser governada ao pormenor com dois encontros anuais dos chefes de governo”, disse o presidente da Comissão Europeia, em entrevista publicada ontem no matutino alemão “Sueddeutsche Zeitung”.
“Já temos um governo económico há muito tempo, a Comissão Europeia, mas a chanceler Angela Merkel e o Presidente Sarkozy têm outra opinião, querem um governo para o clube dos 17 países do euro, mas só a Comissão, e nenhuma outra instituição, pode propor legislação europeia”, lembrou Barroso.
O político português sublinhou ainda que “é preciso impedir que se crie um fosso” entre os países da zona euro e os restantes Estados da União Europeia, “porque estão ligados pelo mercado interno, e o euro perderia uma importante base”. Na opinião de Barroso, manter a unidade entre países do euro e outros Estados membros da União “é precisamente o objectivo de uma política económica europeia, cujo representante natural é a Comissão”. O presidente da Comissão criticou ainda, na mesma entrevista, a forma como alguns países da União assumiram as suas responsabilidades perante a Europa, “de forma negligente, ocultando dados para conseguirem entrar na zona euro”. Por isso, advertiu, “não é possível confiar as regras para uma zona euro estável apenas aos Estados membros, porque isso nunca funcionaria”. Barroso asseverou também que “não se trata de obter mais poderes” para a Comissão Europeia, nem do poder pelo poder.
“Mas a Europa só pode funcionar com as suas instituições, e não contra elas, caso contrário estamos a pôr não só o euro em risco, mas também toda a União”, afirmou o presidente da Comissão.
Durão Barroso aproveitou ainda a entrevista ao “Sueddeutsche Zeitung” para anunciar que, nas próximas semanas, apresentará aos 27 propostas para uma coordenação mais estreita das políticas económicas. Além disso, a Comissão “está a estudar opções para um aproveitamento mais eficaz” dos meios do fundo de resgate europeu (EFSF), revelou ainda, sem adiantar mais pormenores.
Fotografia: AFP