Sábado, Abril 27, 2024
15.9 C
Lisboa
More

    As primeiras imagens da missão que tenta desvendar mistérios do ‘Universo Escuro’

    O telescópio europeu “Euclides” está pronto para iniciar a sua busca pela compreensão de alguns dos maiores mistérios do Universo: matéria e energia escuras.

    Imagens do observatório espacial mostram que suas capacidades são excepcionais.

    Durante os próximos seis anos, o Euclides examinará parte do céu para obter algumas pistas sobre a natureza da chamada matéria escura e da energia escura.

    Esses “influenciadores” desconhecidos parecem controlar a forma e a expansão de tudo o que existe no Universo

    Os cientistas admitem, no entanto, que não sabem praticamente nada sobre esses fenômenos, embora provavelmente eles representam 95% do conteúdo do Cosmos.

    Nem a matéria escura nem a energia escura são diretamente detectáveis. Nossa única esperança de obter alguma compreensão é traçar seus sinais sutis nas coisas que podemos ver.

    Este será o trabalho do Euclides: observar os contornos, distâncias e movimentos de bilhões de galáxias, algumas das quais levaram quase toda a idade do Universo para que suas imagens chegassem até nós.

    Em algum lugar nas estatísticas deste mapa cósmico 3D – o maior já feito – os cientistas esperam encontrar respostas.

    Nebulosa Cabeça de Cavalo

    A Cabeça de Cavalo é uma grande nuvem de gás e poeira onde nascem estrelas (ESA/EUCLID CONSORTIUM/NASA)

    A pesquisa do Euclides será a mais fundamental das investigações, argumentou a professora Carole Mundell, diretora de ciência da Agência Espacial Europeia (Esa).

    “Somos humanos, queremos entender tudo ao nosso redor; seja como os povos antigos olhando para o céu noturno e desenhando constelações em nossas cavernas, ou tentando entender se o Sol voltaria depois do inverno. Sempre buscamos conhecimento e visão”, afirma ela à BBC News.

    “Atualmente não compreendemos 95% do Universo, que tem 13,8 bilhões de anos. Somos seres sencientes que existem há uma pequena fração desse tempo, mas poderíamos ser a espécie que conseguirá descobrir tudo”, diz.

    A matéria escura e a energia escura estão entre os maiores enigmas da astrofísica moderna.

    A primeira poderia ser alguma partícula ainda não detectada. Os astrônomos inferem a sua presença a partir da força gravitacional que exerce sobre a matéria que podemos ver. As galáxias cairiam aos pedaços se não ela estivesse lá.

    Já a energia escura representa um problema muito diferente. Poderia ser algum tipo de energia no vácuo do espaço. Seja o que for, parece estar trabalhando contra a gravidade para separar as galáxias a um ritmo cada vez mais acelerado.

    Aglomerado de Perseu

    O Aglomerado de Perseu é uma das estruturas mais massivas do Universo (ESA/EUCLID CONSORTIUM/NASA)

    O telescópio Euclides custou 1,4 bilhões de euros (cerca de R$ 6,4 bilhões) e foi enviado ao espaço em julho. Desde então, os engenheiros têm feito pequenos ajustes no equipamento.

    Houve algumas preocupações iniciais. Inicialmente, a óptica do Euclides não conseguia obter uma imagem estável. Isso exigiu um novo software para o sensor de orientação preciso do telescópio.

    Os engenheiros também descobriram que alguma luz dispersa poluía as imagens quando o observatório estava apontado de uma determinada maneira.

    Mas com todos esses problemas agora resolvidos, o Euclides está pronto para prosseguir – como evidenciado pelo lançamento de cinco imagens feitas por ele, na terça-feira.

    “Elas são fantásticos”, disse a professora Isobel Hook, que trabalhou na década de 1990 em uma das equipes que descobriu pela primeira vez que o Universo estava se expandindo a um ritmo cada vez mais rápido.

    “Finalmente vi as imagens em resolução máxima na segunda-feira e elas realmente me surpreenderam. Esperávamos que o Euclides tivesse um desempenho muito bom e realmente atendeu a todas as nossas expectativas. É um grande alívio e realmente maravilhoso de ver”, disse Hook.

    NGC 6397

    Localizado a 7,8 mil anos-luz da Terra, NGC 6397 é o que chamamos de aglomerado globular (ESA/EUCLID CONSORTIUM/NASA)

    Nenhum telescópio espacial anterior foi capaz de combinar a amplitude, profundidade e nitidez de visão que o Euclides consegue.

    O telescópio James Webb, por exemplo, tem uma resolução muito maior, mas não consegue cobrir a quantidade de céu que o Euclides cobre de uma só vez.

    “Esta câmera gigante com centenas de milhões de pixels está agora pronta para pesquisar o Universo distante e objetos em uma vasta extensão do céu, um vasto volume do céu no espaço e no tempo”, diz o astrônomo Mark McCaughrean.

    “É apenas observando um grande número de galáxias que seremos capazes de desvendar esses sinais sutis de energia e matéria escura, que são a essência de Euclides”, afirma Esa.

    Por Jonathan Amos

    Publicidade

    spot_img
    FonteBBC

    POSTAR COMENTÁRIO

    Por favor digite seu comentário!
    Por favor, digite seu nome aqui

    Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.

    - Publicidade -spot_img

    ÚLTIMAS NOTÍCIAS

    O mal-estar dos estudantes judeus com os protestos nas universidades americanas

    A guerra de Israel contra o Hamas gerou críticas e divisão em todo o mundo, incluindo nas universidades americanas,...

    Artigos Relacionados

    Social Media Auto Publish Powered By : XYZScripts.com
    • https://spaudio.servers.pt/8004/stream
    • Radio Calema
    • Radio Calema