A Argélia está em conversações com a Alemanha para se tornar um importante fornecedor de hidrogénio verde para a maior economia da Europa e, eventualmente, atualizar as suas ligações de gasodutos para chegar a uma faixa mais ampla do continente.
O objetivo é cobrir até 10% da procura europeia de hidrogénio verde, à semelhança do projeto do gasoduto H2Med de Espanha e Portugal, segundo um comunicado do Ministério da Economia em Berlim, divulgado durante reuniões entre responsáveis alemães e argelinos.
A Argélia interveio para aliviar alguns dos problemas do gás na Europa depois que a Rússia reduziu o fornecimento de gás por gasoduto após a guerra na Ucrânia. Itália e Espanha assinaram acordos para aumentar as importações do país norte-africano. A Alemanha, que desligou as suas últimas centrais nucleares este ano, depende do carvão e do gás para gerir a sua indústria sedenta de energia. O hidrogénio é visto como fundamental para limpar o setor.
O foco das negociações entre Berlim e Argel incluirá a conversão e expansão dos gasodutos existentes através da Tunísia, Itália e Áustria para fornecer hidrogénio verde ao sul da Alemanha, disse o ministério. Não deu nenhum cronograma.
Não é só a Alemanha que procura soluções de energia limpa. A operadora de rede espanhola Enagás está pronta para receber volumes potenciais do Norte de África na década de 2030, disse o presidente-executivo Arturo Gonzalo Aizpiri à Bloomberg News na semana passada.
A área industrial perto do Estreito de Gibraltar será ligada à rede de gasodutos na segunda fase do planeamento do hidrogénio do país até 2040. O projecto deixa capacidade disponível para volumes adicionais e se a procura de capacidade amadurecer mais cedo do que o esperado, “isso poderá acontecer antes.”
Embora o hidrogénio verde seja apontado pela União Europeia como fundamental para descarbonizar indústrias como a de refinação e de fertilizantes, o seu mercado global é atualmente pequeno, pois é mais caro do que a sua versão “cinzenta”, amplamente utilizada, feita com combustíveis fósseis.
A Alemanha deverá ser o maior importador de hidrogénio da Europa, com até 70% do gás limpo vindo do exterior até ao final da década. O país já apresentou um projeto de rede de hidrogénio e planeia acelerar o desenvolvimento desta infraestrutura.