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    Apresentação de monólogo em Luanda quebra silêncio entre o actor e o público

    Com as luzes apagadas e a plateia às escuras, o actor brasileiro Júlio Adrião subiu no domingo à noite ao palco do Cine Teatro Nacional, na Baixa luandense, para apresentar o monólogo “A descoberta das Américas”.
    Diante de um público quase despercebido, a escuridão e o silêncio tomaram conta do recinto e, num ápice, luzes amarelas e azuis são projectadas no palco para a entrada em cena do actor.
    O protagonista encena de forma introspectiva emitindo ruídos, fazendo gestos acompanhados de mímica. Em expressão corporal, o momento da partida de um navio em expedição. O cenário descreve o início da apresentação do monólogo “A descoberta das Américas”.
    O actor brasileiro Júlio Adrião, que encarna a personagem de um aventureiro que descobre um mundo diferente numa viagem sem querer, numa caravela imaginária de Cristóvão Colombo. No regresso à terra, relata a seu jeito os momentos vividos nas aventuras pelas Américas. A peça é uma sátira que junta humor e tragédia durante 90 minutos, sem intervalo, apresentada em Luanda por iniciativa do projecto Cena Livre.
    Em palco, sob o olhar tímido do público, o actor faz uma introspecção dos factos que acontecem no percurso da viagem da expedição náutica, incidindo nas vezes em que o capitão do barco dá ordens para cuidar dos porcos que fazem parte da mercadoria do barco.
    Este momento desperta a atenção da plateia, que esteve tímida durante os primeiros 15 minutos, a ponto de criar uma quebra de silêncio entre o actor e o público, que liberta fortes risadas. No monólogo, o actor rebusca pensamentos profundos com teores psicológicos, numa comunicação introspectiva, onde há momentos em que fala consigo mesmo e poucas vezes procura provocar o público, expondo ideias que fazem transparecer que há mais de um actor em cena.
    No final do espectáculo, Júlio Adrião disse ao Jornal de Angola que nos momentos iniciais da peça sentiu uma certa timidez do público em relação à sua apresentação, mas que reagiu, segundo o actor, momentos mais tarde. “Senti-me diante de uma plateia muito atenta aos meus passos e dizeres, mas é normal que no primeiro contacto com um monólogo isto aconteça. Indica que estamos diante de um público que compreende o que fazemos e sobretudo a arte. Mas, o público reagiu depois, quebrando o silêncio, interagindo com risos e sobretudo com aplausos, no fim, e isso foi bom para mim”, salientou.

    O actor frisou que contrariamente ao que aconteceu noutros lugares onde se apresentou, o que lhe despertou a atenção no público angolano foi o respeito prestado durante a apresentação, pelo facto de em momento algum surgir um insurrecto a interromper a sua apresentação, algo que para ele revela o grande respeito que os angolanos têm pela arte e pelos artistas.
    Júlio Adrião está em Angola a convite do projecto Cena Livre e tem na sua agenda mais duas actuações da peça “A descoberta das Américas”: hoje, às 20h30, no espaço Elinga Teatro, e no domingo, à mesma hora, na sala de teatro da Globo Dikulo, no Cazenga.
    Além de se apresentar em palco, o actor, que também é professor, faz parte de um grupo de docentes brasileiros que irão ministrar cursos para actores e cineastas angolanos, a decorrer em Luanda.

    Fonte: Jornal de Angola

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