Os autores, a investigadora Teri Krebs da Universidade de Ciência e Tecnologia da Noruega e Pal-Orjan Johansen da Escola Médica de Harvard, EUA, foram a bases de dados procurar por artigos científicos, onde se testasse os efeitos do LSD na cura da dependência de álcool.
“Vários investigadores clínicos defenderam que o tratamento de alcoólicos com doses individuais de Dietilamida do Ácido Lisérgico (LSD), em combinação com uma intervenção psico-social, pode ajudar a prevenir recaídas”, contextualiza o artigo.
Os investigadores só encontraram seis estudos, publicados entre 1966 e 1970, que satisfaziam as condições metodológicas. Estes seis trabalhos incluíram ao todo 536 adultos, em que 325 (61%) tomaram uma única vez o LSD, uma dose média de 500 microgramas e outros 211 (39%) formaram o grupo controlo. Todos os pacientes estavam à procura de tratamento de alcoolismo e foram excluídas pessoas com problemas psiquiátricos ou tendências esquizofrénicas, situações que podem ser reforçadas pelo químico.
Do grupo que tomou LSD, 59% das pessoas diminuíram durante um período de tempo prolongado o uso de álcool, enquanto no grupo controlo, só 38% alterou o comportamento. A abstinência do álcool prolongou-se durante seis meses depois de terem tomado a dose única do químico, mas ao fim de um ano o efeito desapareceu.
“Ficámos surpresos que o efeito tenha sido tão claro e consistente”, disse Krebs, citada num artigo noticioso da Nature. No artigo, os autores citam um dos estudos que observava que os pacientes, depois de terem ingerido a droga, sentiam ter “uma compreensão maior dos seus problemas, sentiam que lhes tinha sido oferecido um novo começo, e tomavam decisões fortes sobre pararem com a bebida”.
Durante a década de 1950, estudos psiquiátricos defendiam a utilização do LSD para o tratamento de álcool. No entanto, o uso e abuso do composto durante as décadas seguintes e as suas consequências negativas fizeram com que o alucinogénio se tornasse numa droga a abater.
Robin Carhart-Harris, investigador no Imperial College London, que estudou como é que a psilocibina – um composto natural, psicadélico, que ocorre nos cogumelos – pode tratar a depressão, defende que as drogas psicadélicas podem funcionar tanto a nível biológico como psicológico. “Os psicadélicos provavelmente funcionam em relação ao vício porque fazem com que o cérebro funcione caoticamente durante um espaço de tempo – enfraquecendo ligações cerebrais que foram reforçadas e as suas dinâmicas”, disse, citado pela Nature. Em relação a este estudo, o investigador defende que reforça os estudos de décadas sobre os efeitos do LSD, mas não retira a necessidade de se realizarem novos ensaios clínicos.
Fonte: Publico