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    Angolanos investem mais em Portugal do que portugueses em Angola

    Os dados são da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), e de acordo com esses dados o Investimento Directo Estrangeiro de Angola em Portugal (IDE) ascendia, em Junho deste ano, a 2.214 milhões de euros, ao contrário, o Investimento Directo Estrangeiro de Portugal em Angola, andava pelos 1.973 milhões de euros

    E esta é uma tendência que se tem vindo a verificar nos últimos anos, mas com uma queda significativa por parte de Portugal, em 2020. Ano de pandemia, em que muitos portugueses deixaram Angola e menos são os que voltaram ou que estão a voltar, o que de repercute nestas contas, em Dezembro de 2019, o IDPE (Investimento Directo Português no Exterior), em Angola, era de 4.547 milhões de euros, e em Dezembro de 2020, o valor tinha descido para 1.944 milhões de euros.

    No que diz respeito às exportações para Angola, os dados enviados pela AICEP, do Instituto Nacional de Estatística (INE), apontam para uma redução de 2,8% no primeiro semestre deste ano, em termos homólogos, tendo as importações caído por seu turno quase 78%, numa altura em as trocas internacionais foram fortemente afectadas pela pandemia.

    Nos últimos 10 anos, muita coisa mudou nas relações entre empresários angolanos e portugueses, escreve o Jornal de Negócios que dá a notícia.

    E estas mudanças fazem-se sentir em particular na banca. A década de 1990 foi a década da entrada dos bancos portugueses em Angola. Ainda hoje, os portugueses têm participações em dois dos cinco maiores bancos angolanos. O Banco de Fomento Angola (BFA), de que o BPI é accionista, e o Banco Económico, antigo Banco Espírito Santo Angola (BESA), do universo Espírito Santos. Actualmente, essa participação é detida pelo Novo Banco.

    A Sonangol detém, desde 2008, 9,99%, que aumentou gradualmente até à posição actual, 19,49%, é, por isso, o segundo maior accionista do banco português.

    Também Isabel dos Santos teve uma importante participação no BPI, que passou, em 2017, para as mãos do CaixaBank, que o fez através de uma OPA (Oferta Pública de Aquisição).

    Angola waving flag

    Isabel dos Santos, ainda que muito condicionada pelos processos judiciais que correm em Portugal, mantém a sua posição no EuroBic, posição que permanece arrestada pelas autoridades judiciais portuguesas.

    E foi ainda através de Isabel dos Santos que Angola investiu na energia e indústria em Portugal. A holding Esperaza, um joint venture em que a Sonangol detém 60% e a Exem (de Isabel dos Santos) 40%, controla 45% da Amorim Energia, que é um accionista de referência da Galp, a mais relevante empresa de energia portuguesa. Entretanto, a Sonangol tenta dirimir nos tribunais internacionais a posição de Isabel dos Santos, contestando a sua legalidade e legitimidade, e assume-se como a única proprietária da posição na Galp.

    Quanto à posição de capital angolano no Efafec, a tecnológica portuguesa, sabemos que com a nacionalização da empresa, que está agora em fase de reprivatização, ainda há contas para fazer mas o que havia de capital angolano, certamente, terá desaparecido entre dívidas à banca e outras perdas.

    O sector da construção civil ainda mantém algum dinamismo, muito diferente do que foi em tempos, mas a Mota-Engil continua a ter uma presente significativa em, Angola, onde está desde a sua fundação em 1946. A Mota-Engil Angola é detida, em 20%, pela Sonangol.

    A Teixeira Duarte mantém a sua presença em Angola, e a Omatapalo, uma das mais relevantes empresas de construção a operar no mercado angolano, é tentacular e mantém considerável actividade nos dois países.

    Os média e as telecoms portuguesas foram sempre apetecíveis e desejadas pelos angolanos. E continuamos com Isabel dos Santos, e a sua participação na Zon, através da ZOPT, também arrestada pelo tribunal. É previsível que esta parceria com Sonaecom, liderada por outra mulher, a portuguesa Cláudia Azevedo, venha a ser dissolvida.

    Quanto à posição nos media, a angolana Newshold detém, ainda, 2,4% da Impresa, o grupo fundado por Pinto Balsemão, quanto a outras posições há rumores várias, mas nada confirmado.

    Apesar de tudo isto, os dados indicam que os angolanos continuam a investir em Portugal, ontem como hoje.

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