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    Angolanos da PRIDE recolocados e director não cumpre ameaça de demissão

    Angolanos da PRIDE recolocados

    Os trabalhadores angolanos da PRIDE, uma empresa de perfuração e exploração petrolífera em águas profundas, deram por finda uma greve que culminou com um conflito iniciado no dia 30 de Setembro. Tudo terá começado com um desentendimento entre um engenheiro angolano e trabalhadores expatriados. Na sequência, dois sindicalistas foram despedidos da empresa.

    O assunto andou depois a ser tratado com a intervenção do Ministério dos Petróleos e ter-se-á chegado a acordo para a reintegração dos trabalhadores, mas a empresa queria readmiti-los apenas no trainning, o que levou a outra greve que teve início a 31 de Outubro. Cinco das seis sondas da empresa e os escritórios em Luanda cruzaram os braços.

    Segundo o que soube este jornal, Simmon Watson, o director da PRIDE em Angola, terá comunicado às autoridades angolanas, no início da crise, a sua indisponibilidade para readmitir os sindicalistas despedidos, tendo mesmo ameaçado com a retirada dos seis navios que operam nos mares do Soyo e Cabinda ou com a sua demissão. No fim, já no início da semana passada, a 2 de Novembro, os trabalhadores foram reintegrados nos seus postos, mas Simon Watson também continua no lugar.

    Sala de controlo em causa

    A crise laboral terá tido início quando, depois do seu descanso, um engenheiro angolano se apresentou na sala de controlo de uma das sondas, o seu posto de trabalho. Ao apresentarse, para dar início à sua jornada de trabalho, foi-lhe informado, por um expatriado, que deixara de pertencer à sala de controlo e deveria passar a trabalhar na ala das máquinas. E que o seu lugar passaria a ser ocupado por um técnico também expatriado recém-chegado.

    Incrédulo, porque esta transferência significava, na prática, uma despromoção, o angolano solicitou que lhe fosse apresentado um documento que oficializasse a despromoção, referindo que as avaliações a que tinha sido submetido tinham sido positivas.

    A fonte que narrou os acontecimentos a este jornal explicou que na sequência do desentendimento surgiu uma discussão que foi azedando cada vez mais, com o angolano a chamar a atenção para o risco de se colocar no seu lugar um caloiro a quem ainda estava a passar conhecimentos.

    “Estou a ser agredido” Surgiram então os empurrões, na tentativa de colocar o angolano fora da sala. A violência dos expatriados fez com que o engenheiro agarrasse num intercomunicador para alertar a todo o navio sobre o que se estava a passar. “Estou a ser agredido na sala de controlo”, ouviram todos os trabalhadores da embarcação. Acto contínuo, os expatriados arrancaram e danificaram o intercomunicador.

    Os trabalhadores acorreram à sala de controlo e, obviamente, instalouse a confusão.

    Os sindicalistas resolveram interferir, exigindo da direcção a devida reparação ao ofendido e a sua recondução ao posto de trabalho. A PRIDE optou por despedir também os sindicalistas.

    Na Sexta-feira, 30 de Setembro, reunidos em assembleia, os trabalhadores decidiram por decretar uma greve sem fim determinado.

    Sabe-se agora que a intervenção do ministério serviu para conseguir a readmissão dos sindicalistas que, entretanto, se queixam também do papel jogado por uma conhecida firma de advogados angolana que os teria levado a assumir as culpas, tendo omitido, no documento que deu a assinar aos trabalhadores, a agressão que tinha acontecido numa sonda, colocando os trabalhadores apenas na posição de desobediência perante a entidade patronal.

    O Ministério dos Petróleos foi chamado a mediar a diferendo, tendo O PAÍS sabido que foram ouvidos os trabalhadores, por via do sindicato, e os representantes da PRIDE, com destaque para o seu vice-presidente que veio do Dubai para o efeito. Nos encontros havidos até ao início da semana passada não se tinha produzido qualquer avanço, com Simom Watson a ameaçar retirar os seus navios ou a demitir-se.

    TOTAL silêncio

    O PAÍS enviou, no início da crise, um e-mail ao departamento de comunicação da TOTAL, uma das servidas pela PRID, para saber até que ponto a paralisação interferia nos planos e nos custos da empresa, até ao fecho desta edição não nos foi remetida qualquer resposta.

    Do lado do Ministério dos Petróleos também não foi possível obter uma resposta, por conta de um desencontro telefónico com a pessoa que nos recursos humanos poderia abordar o assunto. A directora dos recursos humanos, disseram-nos na altura, estava fora do país. Mas uma fonte do ministério adiantou a O PAÍS, uma semana após o início da crise, que o assunto estava resolvido. Entretanto, os trabalhadores dizem que se estava a fazer um esforço para que o assunto não chegasse ao público por via da imprensa. O PAÍS continua a fazer esforços para obter da PRIDE uma resposta.

    José Kaliengue
    Fonte: O Pais
    Foto: O Pais

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