O conselho consultivo alargado do Ministério da Energia e Águas, realizado semana passada na cidade do Uíge, concluiu que Angola não tem um inventário actualizado da gestão dos recursos hídricos, o que não permite definir uma correcta política da sua utilização, que se articule com a estratégia de desenvolvimento nacional.
Os participantes ao encontro defenderam a instalação de laboratórios regionais para garantir melhor controlo da qualidade de água e ao mesmo tempo a aprovação dos regulamentos da Lei de Águas, para se disciplinar o uso e aproveitamento dos recursos hídricos.
Constataram que a utilização sustentável, a longo prazo, dos recursos hídricos exige uma gestão permanente das bacias hidrográficas, sendo para tal necessário dotar o sector de uma rede hidrométrica nacional e de técnicos especializados nesta área.
“Apesar de haver uma rede de bacias hidrográficas extensa, Angola possui regiões onde os recursos em águas superficiais são escassos, sobretudo no sul e no leste do país, onde se torna indispensável o estudo das águas subterrâneas, pois delas dependem em larga escala o desenvolvimento económico e o bem-estar das populações locais”, lê-se no documento final.
Ao analisarem a situação actual do abastecimento de água e saneamento no país, os participantes concluíram que o mesmo é caracterizado por um grau de cobertura baixa, tanto nos meios urbanos como nos meios rurais.
Projecto Água para Todos está aquém do desejável
Os participantes à reunião consideraram que a aplicação do Programa “Água para Todos” ainda está muito abaixo dos objectivos preconizados, uma vez que a taxa de cobertura a nível nacional é de apenas 43 por cento.
Por isso, defenderam que nas regiões onde são escassos os recursos em águas superficiais seja indispensável o estudo das águas subterrâneas, por delas depender o desenvolvimento económico dessas regiões e bem-estar das populações.
Recomendaram ao Ministério da Energia e Águas para continuar a desenvolver o referido programa, para que sejam atingidos os objectivos definidos e melhorar rapidamente as taxas de cobertura nas províncias do Zaire, Uíge, Malange e Lunda-Sul.
Recomendaram também a necessidade de se melhorar as redes de distribuição de água para aumentar o acesso e a qualidade deste serviço nas diferentes localidades do país. Consideraram que os projectos de investimento para o sector de energia eléctrica previstos até 2016 vão aumentar a capacidade da produção instalada oito vezes, contemplando a expansão das redes de transporte e distribuição, cuja execução atempada vai permitir suprir as carências do momento.
Os participantes acordaram que os projectos de energia solar fotovoltaica e das mini-hídricas visam a promoção de um modelo de produção descentralizada, para que a população das zonas rurais, que se encontram afastadas das áreas onde passam as redes eléctricas, tenham acesso a ela.
Fonte: Jornal de Angola