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    Angola reforça influência em Portugal

    Basta atender aos números mais recentes do Banco de Portugal para se comprovar o entusiasmo angolano em Portugal. De janeiro a março, o investimento direto líquido de Angola em Portugal atingiu 118,8 milhões de euros, quando em igual trimestre de 2011 tinha ficado apenas pelos 22,2 milhões de euros, o que traduz um crescimento generoso de 435,2%.
    O montante investido nos primeiros três meses do ano indica que Angola representa 1,5% do total do investimento direto estrangeiro em Portugal – que naquele período totalizou 1219,1 milhões de euros –, mas, ainda há dois anos, detinha uma fatia bem mais minúscula, de 0,1%.
    Manuel Vicente, ministro angolano da Coordenação Económica, assumiu, em maio, que “o Estado [angolano] tem outras prioridades”, reportando-se à possibilidade de Angola participar no plano de privatizações de Portugal, nomeadamente, nas áreas dos transportes e das comunicações, contrapondo: “Estamos a olhar mais para os problemas internos que para os problemas externos”.
    Também o presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz, já tinha criticado a aposta portuguesa de pedir mais investimento angolano para Portugal, considerando tratar-se de uma estratégia que “condena o país ao declínio”.
    No entanto, o motor dos investimentos não tem parado. As grandes operações que fizeram história começaram em 2005, com a Sonangol a injetar dinheiro na Galp; em 2007 foi a vez da petrolífera entrar no capital do BCP; em 2008, o que era na altura o terceiro maior banco angolano, o Banco Internacional de Crédito (BIC), iniciou atividade em Portugal.
    Em paralelo, a filha do presidente José Eduardo dos Santos, Isabel dos Santos, tem vindo a assumir posições cada vez mais relevantes nos setores da energia, telecomunicações e banca nacionais.
    A Sonangol e Isabel dos Santos estão juntas na Amorim Energia desde 2005, com 45% do capital. A empresa do homem mais rico de Portugal detém 33,34% da Galp, mas pode ir até 48,34% com a compra do capital da Galp detido pela ENI.
    O BIC-Portugal também se notabilizou por ter protagonizado a compra do BPN por 40 milhões de euros. No BCP, a Sonangol já manifestou a ambição de chegar aos 20% no capital.
    No setor da comunicação social, a Newshold, detentora do semanário “Sol”, comprou 10% da Cofina (proprietária do jornal “Correio da Manhã”) e perfila-se na corrida à privatização da RTP.
    Mas os investimentos mais efervescentes ocorreram nos últimos meses, sempre da iniciativa de Isabel dos Santos. Numa espécie de furacão, anunciou reforços no BPI e na Zon, mais espetaculares nesta última empresa, onde, em dois meses, passou de 10% para 17,84% e, agora, para 28,7%, com a compra dos 10,96% que a Caixa Geral de Depósitos detém na Zon, hoje confirmados.
    Em súmula, os interesses de Isabel dos Santos em Portugal podem descrever-se assim: através da Holding Santoro, detém 25% do Banco BIC e 19,4% do BPI. Através da Esperanza Holding está na Galp, com a Amorim. E através da holding Kento reforçou a sua participação na Zon.
    Com o crescimento económico previsto pelo FMI para Angola, em 2012, de 10,8%, é muito provável que Portugal continue apetitoso aos olhos dos investidores angolanos.

    FONTE: Diário de Notícias

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