O reforço do financiamento aos projectos que garantam a segurança alimentar em Angola constituiu um dos focos do encontro, esta segunda-feira, entre a delegação angolana e o Banco Mundial, no primeiro dia das reuniões anuais de Bretton Woods, que decorre até 26 deste mês, em Washington (EUA).
Segundo o ministro do Planeamento, Hugo Guilherme, que chefia a comitiva angolana no evento, Angola também quer contar com o apoio financeiro do Banco Mundial para capacitação do capital humano no país.
Ao fazer o balanço do primeiro dia das reuniões do Grupo Banco Mundial (GBM) e do Fundo Monetário Internacional (FMI), o governante disse que os encontros que a delegação manteve foram igualmente centralizados na parceria estratégica com estas instituições financeiras, com realce para a revisão e análise do actual portfólio de Angola.
Em declarações à imprensa angolana (ANGOP, RNA e Jornal de Angola), referiu que os encontros serviram igualmente para analisar a performance dos projectos que estão a ser implementados no país, com o apoio do BM.
De acordo com o ministro, o Governo de Angola gostaria que essa instituição pudesse financiar, sobretudo, projectos que estejam ligados com os objectivos do Plano de Desenvolvimento Nacional (PDN), com destaque para a segurança alimentar e o capital humano, assim como a transformação digital e o financiamento à conexão energética, quer a nível nacional, quer continental.
Avançou que faz parte da agenda do Banco Mundial o apoio aos países africanos no sector agrícola e toda cadeia de produção, com vista o combate à pobreza e à fome, bem como a criação de empregos e aumento da renda das famílias.
Realçou que o país solicitou, ainda, apoio para a questão da introdução de novas tecnologias, para aumentar a produtividade de forma mais rápida possível.
Quanto às Parcerias Público-Privadas (PPP), Hugo Guilherme referiu que Angola conta com o apoio da Corporação Financeira Internacional para a estruturação destas parcerias.
Já a ministra das Finanças, Vera Daves de Sousa, avançou que Angola tem a intensão de explorar o mercado japonês, com a emissão de “Títulos Samurai” (título emitido por estrangeiros no mercado japonês), que estão disponíveis para o país, contando com a garantia do Banco Mundial.
“Gostaríamos de aprofundar a pretensão de Angola explorar as oportunidades que o mercado japonês oferece, em função das condições financeiras disponíveis e favoráveis”, sublinhou.
Em resposta as questões levantadas pelos governantes angolanos, a vice-presidente do GBM, Victoria Kwakwa, assegurou que a instituição concorda com os projectos de Angola e está disponível a apoiar técnica e financeiramente o país.
Adiantou que o Banco Mundial prevê apresentar a sua proposta orçamental 2025, que estima um aumento em 280%, na próxima semana, com foco no sector social, como educação e saúde.
Para além do encontro mantido com o Banco Mundial, a delegação angolana participou também em debates sobre o “Financiamento climático” e “O estado de implementação dos projectos financiados pelo BM – constrangimentos/desafios, próximos passos.
Paralelamente, a ministra Vera Daves concedeu, nesta segunda-feira, uma entrevista ao canal do FMI denominado “IMFToday”, na qual abordou sobre o desafio da dívida e do financiamento nos países de baixo rendimento e nos mercados emergentes.
Integram igualmente a delegação angolana, entre outras individualidades, o governador do Banco Nacional de Angola e governador suplente junto do FMI, Manuel Tiago Dias, e o presidente do Conselho de Administração do Fundo Soberano de Angola, Armando Manuel, para além de representantes da banca nacional e especialistas.
Durante seis dias, a agenda angolana prevê a participação de Victor Hugo Guilherme, Vera Daves de Sousa e Manuel Tiago Dias, como prelectores de três fóruns que juntam investidores, numa promoção de instituições bancárias, nomeadamente, o Citi Bank, Deutsche Bank, Standard Chartered e Standard Bank.
As Reuniões Anuais do Grupo Banco Mundial (GBM) são um conjunto de eventos que juntam líderes influentes de governos, empresas, organizações internacionais, sociedade civil e academia, em busca de soluções para os desafios de desenvolvimento económico e sustentabilidade que o mundo enfrenta. QCB/VC