É o título mais importante atribuído pela organização. Aung San Suu Kyi já não é mais Embaixadora de Consciência da Amnistia Internacional.
O título atribuído em 2009 foi agora retirado, porque a organização considera que a líder da Myanmar deixou de representar os ideais da paz, da esperança e da coragem. Em comunicado, a Amnistia Internacional esclarece o seu desapontamento pela ausência de ação de San Suu Kyi na salvaguarda dos direitos humanos, da justiça e da igualdade no seu país, deixando a líder birmanesa de exercer a sua autoridade moral para denunciar as injustiças.
A Amnistia sublinha mesmo a inversão de Aung San Suu Kyi, desde 2016 – ano em que passou a liderar o governo civil da Myanmar – multiplicaram-se as violações dos direitos humanos, destacando a organização, as atrocidades que foram cometidas contra a comunidade Rohingya. Na lista de horrores cometidos pelas forças de segurança constam milhares de mortos, raparigas e mulheres violadas, rapazes e homens torturados e centenas de casa incendiadas.
“A falha de Aung San Suu Kyi para com os Rohingya foi uma das razões pelas quais não podemos mais justificar a atribuição do título de Embaixadora de Consciência”, esclarece a Amnistia Internacional.
Acrescenta a Amnistia Internacional que “a sua negação da gravidade dos factos e das atrocidades significa que tão cedo a situação não vai melhorar para as centenas de milhar e Rohingya que estão a viver no Bangladesh, ou para as centenas de milhar que continuam a viver em Myanmar “.
Neste domingo, 11 de novembro, o secretário-geral da Amnistia Internacional escreveu para a líder do governo de Myanmar no sentido de informá-la que a Amnistia iria revogar o galardão atribuído há 9 anos.
“Como Embaixadora da Anistia Internacional da Consciência, a nossa expectativa era que continuaria a usar sua autoridade moral para falar contra injustiça onde quer que a visse, mesmo no próprio Myanmar”, escreveu Kumi Naidoo.
Aung San Suu Kyi foi nomeada Embaixadora de Consciência da Amnistia Internacional em 2009, em reconhecimento pela sua luta pacífica pela democracia e pelos direitos humanos.
A Amnistia Internacional diz que apesar deste revés, a organização vai “continuar a lutar pela justiça e pelos direitos humanos na Birmânia. Com ou sem o seu apoio”.
À TSF, Pedro Neto, director executivo da AI, em Portugal, garante que Aung San Suu Kyi “traiu os valores pelos quais recebeu o prémio e o título de Embaixadora de Consciência da Amnistia”, já que “tem dado cobertura aos militares para continuarem a discriminação e chamamos-lhe um regime de apartheid sobre o que aconteceu com os Rohingya e noutros locais com outras minorias naquele país. Tem falhado em defender as minorias naquele país, tem falhado em fazer reformas e que pode fazer para mudar as próprias leis que a levaram a ser presa há anos”.
“A atitude mudou 180 graus e não é coincidente com a verdade e os valores que agora parece defender não são condizentes com os valores que antes defendia”, garante. (TSF)