A não ser que tenha sido deliberado, não percebi porquê que o tema mais mediático desta primeira revisão constitucional que tem a ver com as inelegibilidades do candidato a Presidente da República (art°110) foi ignorado por Manuel da Silva.
É o mais mediático, porque está relacionado com ACJ/UNITA no âmbito do conflito que se instalou entre os dois principais actores da política angolana na sequência dos acontecimentos de Cafunfo, embora se admita que a orientação/motivação seja anterior, tendo como referência o plano estratégico que o NJ divulgou em primeira mão.
Em relação ao conteúdo da entrevista propriamente dita destaquei a curiosa referência feita por AA ao facto da CRA ainda não ter sido suficientemente testada para se pensar numa abordagem do seu núcleo duro que é o sistema político que ela consagra.
Na verdade AA não disse, mas também não lhe foi perguntado, que a única forma de testar o actual modelo hiper-presidencialista é termos uma situação política resultante das eleições em que o partido/candidato que ganhar o pleito tenha apenas uma maioria simples no parlamento, ou seja, tenha menos de 50% dos assentos parlamentares.
Por analogia teríamos uma realidade parecida com a geringonça portuguesa, que é aquela que eu continuo a sonhar para Angola, como já tive a oportunidade de defender noutras ocasiões, o que aqui reitero.
É esta a solução política diferente que os angolanos nunca viveram que permitiria fazer o teste de stress deste modelo atípico que até agora tem mostrado ser estável, mas apenas porque repousa numa maioria qualificada de 2/3, que nós estamos convencidos que não corresponde à realidade.
Para já não estou a ver qual poderia ser um outro teste.
Reginaldo Silva | In Facebook