A Alemanha tomou medidas preventivas para uma eventual insolvência da Grécia, admitiu o ministro alemão das Finanças, Wolfgang Schäuble, em declarações ontem à revista “Der Spiegel”.
O chefe do Tesouro alemão também defende o acordo alcançado com as instituições financeiras privadas da Alemanha para a sua participação no novo fundo de salvamento para a Grécia. “Trata-se naturalmente de um sucesso”, comenta o ministro, destacando que “há dois meses ninguém achava seriamente que conseguiríamos alguma participação privada”.
“A Europa deve estar disposta, com mais força que até agora, a apoiar a Grécia para gerar crescimento”, acrescenta Schäuble, observando nesse objectivo “apreciáveis tarefas e oportunidades para a economia alemã”.
Após a aprovação, na noite de sábado, do novo pacote de resgate para a Grécia pelos ministros das Finanças da zona Euro, Schäuble fez um apelo às autoridades de Atenas para executarem com diligência as medidas estipuladas, entre elas iniciarem rapidamente a política de privatizações.
Recursos urgentes
O Fundo Monetário Internacional (FMI) saudou no sábado a decisão dos ministros das Finanças da zona euro de desbloquearem o quinto pacote de ajuda financeira à Grécia, destinando 8,7 mil milhões de euros para Atenas enfrentar as suas necessidades económicas mais urgentes.
Outros 3,3 mil milhões de euros do pacote, que totaliza 12 mil milhões de euros (17,41 mil milhões de dólares), devem ainda ser autorizados pelo FMI numa próxima reunião, mas a instituição já manifestou disposição em libertá-los em breve.
Trata-se da quinta parcela da ajuda financeira de 110 mil milhões de euros que foram prometidos em Maio do ano passado. “Celebramos o compromisso do Eurogrupo com uma estratégia que faça com que o programa económico grego esteja plenamente assegurado”, disse a porta-voz do FMI, Caroline Atkinson. “Este compromisso, com a recente adopção de medidas orçamentais pelo Parlamento da Grécia, permite ao Conselho de Administração do FMI encarar a conclusão da quarta revisão e a entrega da próxima parcela da ajuda”, disse. Atkinson não deu qualquer indicação sobre a data da reunião do Conselho de Administração do Fundo para discutir o assunto.
A nova directora-geral do FMI, Christine Lagarde, assume o cargo amanhã e a reunião deve ocorrer logo depois.
“Ficaremos muito satisfeitos de continuar a cooperar com as autoridades gregas e com os nossos parceiros europeus para apoiar o programa que serve para restabelecer a viabilidade das finanças públicas, defender a estabilidade do sector financeiro e melhorar a competitividade para criar as condições de crescimento e para mais empregos”. Os ministros das Finanças da zona do euro – que realizaram uma teleconferência – elogiaram os avanços das autoridades gregas e, especialmente, a aprovação pelo Parlamento de “leis cruciais para a estratégia fiscal e as privatizações”, diz o comunicado do Eurogrupo.“As autoridades gregas ofereceram um firme compromisso de aderirem aos ajustamentos fiscais estipulados e à agenda de reformas estruturais geradoras de crescimento, componentes essenciais da nossa estratégia para restaurar a sustentabilidade fiscal e salvaguardar a estabilidade financeira”, acrescenta o comunicado do Eurogrupo.
O Eurogrupo apela também a todos os partidos políticos gregos para apoiarem “as metas principais e as medidas políticas básicas” do programa para assegurar uma aplicação “rigorosa e rápida” das reformas.
Os ministros das Finanças da zona do euro discutiram ainda os preparativos para um segundo pacote de apoio financeiro destinado a cobrir as necessidades da Grécia até 2014. Neste sentido, tomaram nota dos compromissos anunciados por bancos que prevêem participar no novo pacote financeiro, depois das negociações informais tidas na França e Alemanha com os seus respectivos sectores bancários.
“As modalidades precisas e a escala da participação do sector privado e o financiamento adicional de fontes oficiais serão determinados nas próximas semanas”, assinalou Juncker.
Segundo informações divulgadas pelo jornal grego “Ta Nea”, o novo pacote de ajuda financeira é de 85 mil milhões de euros, que se somam aos 110 mil milhões de euros outorgados em 2010.
Na distribuição, 30 por cento seriam provenientes do FMI (25,5 mil milhões de euros) e os demais 70 por cento (59,5 mil milhões de euros) da zona do euro – dos quais 30 mil milhões de euros seriam provenientes de bancos.
Cumpridas exigências
A libertação da quinta parcela da ajuda financeira e um novo pacote de ajuda ao país dependiam de um novo programa de ajustamento fiscal do governo grego.
Esse programa, que prevê ajustamentos de 78 mil milhões de euros, foi aprovado em duas sessões do Parlamento, na quarta e quinta-feira.
“Foram cumpridas as condições para se tomar uma decisão sobre o desembolso da próxima parcela de assistência financeira à Grécia”, anunciaram os presidentes da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, e do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, depois da aprovação da lei que coloca em prática os ajustamentos na Grécia.
O desembolso dos 12 mil milhões de euros evita que a Grécia entre em bancarrota imediata na sua dívida, que se eleva a 340 mil milhões de euros.
Com esses recursos, o país tem como honrar os seus compromissos, pelo menos até Setembro.
Fonte: Jornal de Angola
